terça-feira, 9 de agosto de 2011

Autoretrato


O papel vai revelando
O que nem sequer sabia existir
Os pontos vão se multiplicando
E em segundos uma imagem revelando
Os traços iniciais quase disformes
Tomam forma de um corpo
Que eu não conheço
Ele parece ser tão antigo
Que quase não o reconheço
Mas ele me pertence
Maltratado, amargurado... Um trapo
A luz revela a alma
Por isso não reconheço o corpo
Os olhos não têm o brilho de ontem
Os lábios não se abrem em um sorriso
De lado essa massa de pele e ossos
Curva-se rumo ao chão
O preto toma conta dessa escuridão
Na foto revelada apenas uma
Alma cansada da espera
E da angústia do desencontro
Esse autoretrato revela apenas
Uma alma esquecida
Do que um dia esperou da vida.






E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...