quinta-feira, 5 de julho de 2012

Um bicho... um homem


Na praça ao lado de casa
Escorado em sacos de lixo
Confundido com terra e poeira
Encontra-se um ser quase invisível
A princípio fica difícil sua definição
Para alguns será um bicho
Para outros um maltrapilho imundo
Seu mau cheiro incomoda a mulher fina e elegante
Seu mau jeito assusta aos que por ele passa
De longe parece um homem
De perto é apenas um menino
Que de tão sujo e faminto
Acabou perdendo seus traços
Talvez um dia tenha sido bonito
Talvez um dia tenha olhado as estrelas
E até desejado e sonhado com um futuro
Mas ser pobre em país de milionários
Vagabundo e corruptos
Fez de seus sonhos uma dura realidade
Viciou-se em dor e para alimentá-la
Desceu ao inferno e junto a Hades
Descobriu as pedras e os pós
E camuflou suas duras verdades
Ele é só um menino cheio de escaras
Que ainda pode ser salvo dessas garras
Mas eu não faço nada, apenas olho
Meus problemas (ridículos) 
Não me permitem olhar, enxergar
Que na imundice da praça
Há um ser que só precisa
De uma mão e talvez um pedaço de pão
Pão da vida
Pão que dá a vida.

E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...