sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O cursor pulsa diante da página em branco
Há tanto a dizer, mas as palavras recusam-se a sair
Na noite passada lágrimas lavaram meu rosto
E a tristeza veio cobrir meu cansado corpo
O dia chegou, mas o sol não me aqueceu
Sinto um vazio dentro e ao redor de mim
Não existe qualquer tipo de sentimento
Não há raiva, mágoa ou rancor
Não há brilho nos olhos e nem luz na minha alma
O espelho não reflete nada
O que aconteceu na noite passada?
O que fiz a mim mesma?
Os olhos secos e o silêncio
As pedras recolhidas ao longo do caminho
Vejo agora transformadas em muro
Muro que me protege de amar de novo
Muro que me protege de desejar de novo
Muro que me emudece
Esse muro me encerra em recontorcida massa
Esvaziada, infértil, seca...
| o cursor apenas pulsa
Não existe emoção
| o cursor apenas pulsa 
Indiferente as batidas do coração

Ah, que vontade das teclas apertar
Os números eu sei de cor
Ouvir sua melodiosa voz
Seria como escutar Chopin
Na tarde avermelhada do inverno
Seu sorriso como presente
Agora é tudo que eu queria
Se eu não me acovardasse
De pronto jorraria toda minha paixão
E abraçaria a noite com muito mais tesão
Mas não sou de migalhas
Admiro os pássaros que se saciam com tão pouco
Sou mulher de pão inteiro
Minha gula não permite apenas uma gota
Quero sorver todo o seu ser
Ah, quem me dera despojar-me do orgulho tolo
E a você me entregar, mas é melhor não
Dói essa minha decisão
Mas sofreria muito mais
Se num rompante insano
Perdesse o que ainda me resta de razão.


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Eu sei
Foram só palavras
Ditas de forma galanteadora
Nenhuma delas possuía sentimento
Todas reunidas em uma ciranda
Rodopiando no espaço e no tempo
Eu sei
Que tudo não passou de nada
Não houve verdade nas palavras grafadas
Tão pouco nas verbalizadas
Os olhos mentiram e o sorriso 
Que tantas vezes desequilibrava meus sentidos
Era apenas uma das máscaras do dia a dia
Eu sei
Não houve promessas, mas houve desejo
Não houve encontros, mas houve fome
Era a sedução despreocupada
A liberdade escancarada
Eu sei
Que tudo não passou de nada
Era preferível que eu não soubesse nada


Nunca sabemos para onde vamos
Quando começamos a dar vida as palavras
Em instantes elas se transformam
E nos levam a viagens para além de nossa imaginação
Acho que enlouquecemos à medida
Que vamos tecendo lugares e emoções
Nos deformamos quando os sentimentos
Ainda são doridos e sangram
Nos refestelamos quando viramos crianças
E saltamos de nuvens e devoramos árvores de chocolate
Como varinha de condão as palavras
Vão nos tocando e criando personagens
Que nos libertam da dor cotidiana
De viver a realidade fria e rígida
Do ter que ser e existir
Cada viagem um passeio a outro universo
Uma troca de fluídos essenciais
E que nos torna seres livres
Quando abandonamos a dureza da vida
Para nos entregar a leveza da vida
De posse de nossas fantasias
Alimentados por nossa imaginação
Entramos sem vestes ou bagagem
Nesse trem de pura felicidade
E sem olhar para trás seguimos viagem
Até o cair da pena e de olhos abertos
Retornamos à realidade...



E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...