quinta-feira, 21 de julho de 2011

DIA DE ANIVERSÁRIO

Família é uma delícia, estar com eles nos momentos de alegria, compartilhando mais um ano de vida de um ente tão querido é maravilhoso.

Ontem comemoramos o aniversário de minha tia muito amada, que por ordem do destino foi acometida da doença Alzheimer. Aos poucos ela vai se esquecendo de nós, mas nós sempre nos lembraremos dela. Ela é linda, sempre foi. Tem um sorriso encantador e os olhos mantêm o brilho de um ser único. Eu a adoro, sempre adorei. Estar com ela ontem foi lindo, emocionante. Foi difícil segurar as lágrimas em determinados momentos, mas eu e meus primos (filhos dela) seguramos bem a barra.

Passei o tempo me dividindo entre dar muito carinho para ela, conversando com meus primos que há muito não via, descobrindo histórias fantásticas lá dos idos de 1930 com os tios mais velhos e fotografando tudo. Reencontrei uma tia que é quase uma centenária, mas você não dá setenta anos para ela, isso deve ser genético (rs). Fico me perguntando se conseguirei chegar tão longe e com tanta vitalidade.

Na mesa quatro gerações e muitas histórias. Entre um caso e outro descobri, por exemplo, que posso ser mais nova... Era hilário como os mais velhos não se preocupavam em registrar seus filhos quando nasciam. Eram esses que, ao atingir uma determinada idade, procuravam o cartório e se registravam e isso acontecia de acordo com a conveniência. Um de meus tios registrou-se com uma determinada idade porque queria votar, ele se considerava comunista, o outro porque precisava da carteira de motorista e outras maluquices da época. Descobri ainda, que um dos meus tios comemora seu aniversário em duas datas, maio (data do registro) e novembro (data do nascimento), justamente para atender as necessidades da época, uma loucura. Também descobri que um de meus avôs era artesão fazia trabalhos com madeira e fibra de palmeira, um artista nato. Acho que meu lado artístico vem daí.

Ouvi tantas histórias, dei tantas gargalhadas que nem vi o tempo passar. Entre uma mordida e outra na pizza eu bebia daquelas fontes tão maravilhosas. A curiosidade era tanta que vez ou outra me cutucavam para eu deixá-los comer em paz. Eu dava uma leve trégua e já começava a minha série de perguntas intermináveis. Vícios do ofício, coitados.

Encerrei minha noite de alma leve, com alegria de saber que o amor existe de verdade e estava ali na minha frente dando-me a certeza que é possível encontrar alguém, amá-lo incondicionalmente, viver juntos uma história que poderá atravessar a linha do tempo e ir além de nossa imaginação. Não perdi minhas esperanças, mas também não estou aberta, no momento, a encontrar alguém que me faça tremer de emoção, que dê um nó no estômago só por ouvir a voz e que me traga flores sem nenhum motivo, numa manhã linda de sol. Enquanto isso não vem vou me deliciando com os bons momentos que passam na minha vida e que me dão tanta satisfação.

Foi uma noite muito agradável, momentos de muita emoção, gargalhadas e descontração. Sei que em breve estaremos nos reunindo novamente por outro motivo, e este pode ser muito triste. Espero que demore demais para que isso aconteça...

quarta-feira, 20 de julho de 2011

AMIGO VERDADEIRO

“A natureza do homem se recusa à solidão, e parece sempre procurar um apoio: e não o há mais doce que o coração de um terno amigo.” Essa frase de Marcus Cícero viajou no tempo, saiu da Roma antiga e nos aparece hoje como um pouco de ar fresco quando olhamos em volta e percebemos que a amizade verdadeira vai se perdendo, como areia fina escorrendo pelos dedos.
Ninguém quer ser ou viver sozinho, nos momentos de tristeza ou dificuldade queremos aquele ombro para nos aconchegar, conversar ou simplesmente chorar. Mas é esse mesmo ombro que queremos quando estamos felizes e precisamos compartilhar e nada melhor que um amigo para rir junto, sair por aí dançando e cantando.
Relembro minha infância quando eu, meus irmãos, primos e alguns visinhos, no auge da nossa quase adolescência, nos deleitávamos com brincadeiras, passeios por nosso bairro, hoje tão cheio de prédios e casas, pelas ruas de terra poeirentas que matavam nossas mães de raiva, porque voltávamos para casa no final do dia irreconhecíveis, verdadeiros monstrinhos marrons. Nossas férias não nos permitiam viagens a nenhum lugar legal, nossa condição financeira não nos permitia, mas éramos felizes e muito criativos. Todo dia tinha uma arte nova, digo brincadeira nova para passar o tempo. E quando a noite chegava e ainda nos encontrava na rua, nossas mães, aos gritos, nos chamavam para dentro. Naquele tempo era natural nossa amizade, não havia cobranças, disputas para saber quem era ou não melhor. Gostávamos de estar junto o tempo todo, quando um recebia um castigo e não podia sair, nos juntávamos todos na sua casa, para desespero da tia, que não sabendo o que fazer liberava nosso amigo do castigo e lá íamos nos divertir. Na nossa infância éramos amigos sem cobrança, sem reclamação e com muita alegria, mas crescemos e nem tudo ou todos continuou igual.
É com um amigo verdadeiro que posso lavar minha alma, discorrer sobre todos os meus problemas e ele pode simplesmente me ouvir, calado, sem manifestar qualquer opinião ou então pode me dar uma surra de palavras, daquela de deixar vergão, mas com certeza ele vai fazer a coisa certa, não vai simplesmente passar a mão na minha cabeça ou fingir que está me ouvindo.
Um amigo verdadeiro não está nem aí se sou normal ou não, já que ele também não o é, mas nossas loucuras são diferentes e são essas diferenças que nos aproximam. É quando estou me sentindo uma coitadinha que ele chega e me dá um belo “tapa” e me traz de volta à realidade. Ele sabe dizer a coisa certa na hora certa e se preocupa comigo. Não precisamos estar juntos o tempo todo, mas só de saber da sua existência já sinto um conforto na alma.
Aristóteles definiu a amizade como uma alma dividida em dois corpos e é assim que vejo um amigo verdadeiro, ele sabe o que vai à minha alma sem nem precisar abrir a boca, ele sente minha vibração e respeita meus momentos de solidão necessária ou introspecção.
Hoje temos muitos amigos virtuais ou não, as redes sociais nos possibilitam um maior contato com pessoas que nem sequer imaginávamos conhecer, mas os amigos verdadeiros, esses estão cada dia mais raros e quando os encontramos precisamos conservá-los, cultivá-los e mantê-los o mais próximo possível. Existem muitos conhecidos, colegas e amigos, mas AMIGOS VERDADEIROS são como a alma que se divide ora em dois ou em três e não mais que isso.
Tenho amigos verdadeiros e os amo com todo o meu coração e sinto-me privilegiada por tê-los na minha vida pois eles estão sempre lá quando preciso.
Nesse dia do amigo dedico todo meu amor e carinho a eles.

E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...