quarta-feira, 20 de julho de 2011

AMIGO VERDADEIRO

“A natureza do homem se recusa à solidão, e parece sempre procurar um apoio: e não o há mais doce que o coração de um terno amigo.” Essa frase de Marcus Cícero viajou no tempo, saiu da Roma antiga e nos aparece hoje como um pouco de ar fresco quando olhamos em volta e percebemos que a amizade verdadeira vai se perdendo, como areia fina escorrendo pelos dedos.
Ninguém quer ser ou viver sozinho, nos momentos de tristeza ou dificuldade queremos aquele ombro para nos aconchegar, conversar ou simplesmente chorar. Mas é esse mesmo ombro que queremos quando estamos felizes e precisamos compartilhar e nada melhor que um amigo para rir junto, sair por aí dançando e cantando.
Relembro minha infância quando eu, meus irmãos, primos e alguns visinhos, no auge da nossa quase adolescência, nos deleitávamos com brincadeiras, passeios por nosso bairro, hoje tão cheio de prédios e casas, pelas ruas de terra poeirentas que matavam nossas mães de raiva, porque voltávamos para casa no final do dia irreconhecíveis, verdadeiros monstrinhos marrons. Nossas férias não nos permitiam viagens a nenhum lugar legal, nossa condição financeira não nos permitia, mas éramos felizes e muito criativos. Todo dia tinha uma arte nova, digo brincadeira nova para passar o tempo. E quando a noite chegava e ainda nos encontrava na rua, nossas mães, aos gritos, nos chamavam para dentro. Naquele tempo era natural nossa amizade, não havia cobranças, disputas para saber quem era ou não melhor. Gostávamos de estar junto o tempo todo, quando um recebia um castigo e não podia sair, nos juntávamos todos na sua casa, para desespero da tia, que não sabendo o que fazer liberava nosso amigo do castigo e lá íamos nos divertir. Na nossa infância éramos amigos sem cobrança, sem reclamação e com muita alegria, mas crescemos e nem tudo ou todos continuou igual.
É com um amigo verdadeiro que posso lavar minha alma, discorrer sobre todos os meus problemas e ele pode simplesmente me ouvir, calado, sem manifestar qualquer opinião ou então pode me dar uma surra de palavras, daquela de deixar vergão, mas com certeza ele vai fazer a coisa certa, não vai simplesmente passar a mão na minha cabeça ou fingir que está me ouvindo.
Um amigo verdadeiro não está nem aí se sou normal ou não, já que ele também não o é, mas nossas loucuras são diferentes e são essas diferenças que nos aproximam. É quando estou me sentindo uma coitadinha que ele chega e me dá um belo “tapa” e me traz de volta à realidade. Ele sabe dizer a coisa certa na hora certa e se preocupa comigo. Não precisamos estar juntos o tempo todo, mas só de saber da sua existência já sinto um conforto na alma.
Aristóteles definiu a amizade como uma alma dividida em dois corpos e é assim que vejo um amigo verdadeiro, ele sabe o que vai à minha alma sem nem precisar abrir a boca, ele sente minha vibração e respeita meus momentos de solidão necessária ou introspecção.
Hoje temos muitos amigos virtuais ou não, as redes sociais nos possibilitam um maior contato com pessoas que nem sequer imaginávamos conhecer, mas os amigos verdadeiros, esses estão cada dia mais raros e quando os encontramos precisamos conservá-los, cultivá-los e mantê-los o mais próximo possível. Existem muitos conhecidos, colegas e amigos, mas AMIGOS VERDADEIROS são como a alma que se divide ora em dois ou em três e não mais que isso.
Tenho amigos verdadeiros e os amo com todo o meu coração e sinto-me privilegiada por tê-los na minha vida pois eles estão sempre lá quando preciso.
Nesse dia do amigo dedico todo meu amor e carinho a eles.

2 comentários:

Lucilaine de Fátima disse...

Gostei da crônica e estou gostando de ser sua amiga.
Parabéns!
Beijo,
Lu

Edynho Borges disse...

Emocionante texto. Parabéns !

E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...