sexta-feira, 1 de junho de 2012

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A cada dia desejo intensamente sua presença
Um olhar distraído, um sorriso iluminado,
Um beijo roubado, um abraço... Meros encontros...
Porque nada chega perto do gosto que trago na boca,
Do cheiro que parece enraizado nos pulmões,
Da lembrança de algo que não sei,
Mas que dói no peito quando a noite me abraça.
Esse rosto que nunca vi, mas que me fala em sonhos,
Que me conforta nos momentos de dor.
Quanto tempo mais teremos que esperar
Para enfim nos encontrar e juntos ficar?
Eu que o espero desde a minha meninice
E você nunca estava nos braços que me abraçaram,
Nos olhos que me viram sem enxergar,
Nos lábios que os meus beijaram
E que nunca conseguiram me saciar.
O que nos fizemos para ficarmos assim
Separados por massas inteiras sem
Talvez uma única chance de nos tocar?
Tantas perguntas lançadas no tempo
Na intenção de que apenas uma
Possa até você chegar e talvez,
No assovio do vento ou cantar
Da cotovia que anuncia o dia
O encanto se quebre, o véu descerre
E os olhos finalmente se enxerguem.


Eu
Estado único de amor
Estado único de ser
Estado único de viver
Eu
Encontro de uma única alma
Em vários corpos emprestados
Eu 
Que cresço e apareço
Nesse universo de tantas
Possibilidades e necessidades
Eu
Que nem sempre compreendida
Passeio por esses caminhos
De pedras, flores e espinhos
Cresço... Apareço
Torno-me um ser
Às vezes humano
Às vezes nebulosa
Eu
Que às vezes sou ponto e vírgula
E em momentos importantes
Sou ponto final.

(Poema tecido e lido no SARAU GOTAS POÉTICAS - 31-05-2012)

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O trem da vida cruzou meus trilhos e nas encostas sulcadas pela ação do tempo, vou espalhando sementes e reconfortando meu coração...
Carrego nos ombros todo o peso de minhas ações. Se está leve é porque consegui tomar a decisão certa, se ainda está pesado é porque não consegui encontrar o melhor caminho...

segunda-feira, 28 de maio de 2012


Estrada (para Ivone de Assis)


A estrada empoeirada
Ladeada de mata e flores
Trás em suas marcas 
A lembrança do tropeiro
Do seresteiro, do sertanejo
Do homem que carrega no lombo 
De seu inseparável companheiro
O resultado de seu suor
E de seu amor pela terra
Pela luta diária de construir
Com dignidade e trabalho
A moradia que o abriga e 
A semente transformada em pão
Que alimenta, que da força,
Que sustenta o corpo para o longo caminhar.
A estrada da vida
Carregada de memórias
No marrom esverdeado do sonho
De um futuro melhor
Do ventre que se abre
E recebe o fruto do amanhã.
Na viola ponteada no embalo da saudade. 
A estrada é caminho
Caminho que é vida, que é começo...
Recomeço...
Futuro...
Amanhã...

(Poema escrito e lido no SARAU e lançamento do livro Contos Sertanejo de Ivone de Assis em Cascalho Rico - 05-05-2012)

Quando a tristeza bate a porta
Pedindo passagem em um grito insistente
Recuo alguns passos
Tapo os ouvidos e tento dela me afastar
Ela bate tão forte
Que sinto os tremores tocando meus pés
Subindo por meu corpo
Atingindo como flecha
O meu já tão cansado e sofrido coração
Tento, em vão, afugentá-la
A tristeza veio de longe e
Parece disposta a comigo ficar
A noite é longa e não a quero aqui
Foi minha companheira por tanto tempo
E tantas vezes deitei-me em teu colo
Aceitei seu abraço frio
E suas palavras que nunca me consoloram
Ficarei aqui, bem quieta
E talvez ela passe adiante
Deixei a porta aberta uma vez
E ela aproveitou e entrou
Ainda não me curei
Mas sei que a companhia que quero
É a paz no meu coração
É a luz na minha alma
É o sorriso no meu rosto
É o sol que brilha e irradia calor e amor
Uma vez eu me permiti fraquejar
Hoje a única coisa que desejo é AMAR.


Esse poema foi psicografado, levou apenas 2 minutos para ser tecido...

A morte do amor que não constrói


Mais um dia se foi
As últimas luzes desceram no horizonte
Algumas estrelas brilham aqui e ali
O céu escurece não há lua nessa noite, apenas frio
Vi os ponteiros do relógio 
Caminharem lentamente durante todo o dia
E eles continuam...
Os sons vão silenciando, a vida urbana dorme
Mas estou alerta, desperta...
Meus olhos não atendem meu desejo 
E o sono aos poucos também desaparece
Mais uma noite me verá aqui encolhida
Abraçada apenas à gélida solidão
Não quero sair
Vejo raízes enlaçarem meus pés
Amarrando-os e enterrando-os no chão
Meu corpo perdeu seus sentidos
Não existe mais dor, frio ou fome
Os músculos endurecidos
Vão tomando forma de pedra
A madrugada me encontra materializada em rocha
O coração agora pulsa lenta e silenciosamente
Os pulmões já não recebem mais ar
Não é mais necessário
Não verei o novo dia
Com a noite partirei
Encharcada de saudade
Transformada em lembrança
De carne e sangue a pedra e pó
Volitando me transformo em estrela
O avermelhado do dia colore a manhã
O vento sopra e o frio emudece
O corpo se fecha como concha
E não mais de amor padece.

E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...