quinta-feira, 12 de junho de 2014

      O dia dos namorados costuma ser um pouco triste para quem não os tem. A mídia massacra, são outdoors promovendo viagens românticas, shows para os apaixonados. No rádio, na televisão, nas lojas, promoções e propagandas dizendo que namorar é quase uma obrigação. É um fervilhar de informações que não lhe deixa esquecer em nenhum momento que você está sozinha(o), sem um amor para presentear e ser presenteada(o), ou mesmo para se deliciar com os carinhos.
          Toda essa massificação deixa de lado a real importância de se ter alguém ou, de estar sozinha(o). Quem não gosta de namorar, não sabe como é bom passar horas conversando, trocando carinhos, fazendo planos que, podem ou não, se realizar no futuro. Namorar sem a obrigação do amanhã, sem exigências e sem cobranças, namorar pelo simples prazer de estar junto. Ficar só também não é ruim, muitas pessoas optam por dar um tempo nos relacionamentos para ficarem um pouco sozinhas, curtindo apenas alguns momentos sem nada sério. Mas é preciso saber ficar sozinho, gostar desse “estar” sozinho, sem neuras, sem sofrimento.
          Ninguém gosta de sofrer por amor, ficar triste, isso é um saco mesmo, mas é importante passar por essas fases também, eu disse PASSAR, retirar dela o que poderá te auxiliar no futuro e seguir em frente. Não guardar mágoas ou ressentimentos do outro, às vezes não dá certo, mas o que importa foi o tempo passado juntos e que foi bom, não a parte sufocante e angustiante do relacionamento.
          Quando estamos apaixonados, ou achamos que estamos, muitas vezes perdemos a razão, enlouquecemos negativamente, somos teimosos, queremos aquele(a) escolhido(a) de qualquer jeito, e saímos por aí culpando o universo por todas as coisas erradas que acontecem e nos esquecemos de dar uma boa olhada no nosso espelho interior e prestar atenção nos reflexos que nada mais são do que os erros que, descuidamente, cometemos em nome da paixão.          
          Por mais que digamos ao contrário, estamos sempre buscando o amor romântico, o encontro de nossa alma gêmea e às vezes essa alma gêmea nem quis descer nessa encarnação, e ficamos nos desgastando quando o romance acaba e o(a) outro(a) nos deixa para seguir a sua própria vida.
          Namorar pode parecer, mas não é assim tão fácil, exige paciência, tempo, cuidado, uma certa loucura, como bem disse Erasmo de Roterdã em O Elogio da loucura “...qual o instante da vida que não é triste, tedioso, desagradável, insípido, insuportável, se o não condimenta o prazer, a loucura.” E essa loucura deve ser prazerosa, despreocupada, saudável; viver em função da razão o tempo inteiro também não é bom, nos coloca um véu nos olhos e nos impede de viver bons momentos. O gostoso do namorar é saber deixar o(a) companheiro(a) saudável, feliz e de bem com a vida, livre para ir e voltar, sem que precisemos obrigá-lo(a) a isso. Porque namorar é uma arte, a arte do encontro, do encantamento, da conquista, dos prazeres amorosos e deliciosamente loucos.
          Nesse dia dos namorados, namore muito. Se não tiver um companheiro(a) namore você mesma(o), presenteie você mesma(o). A sua alegria e paz interior serão os responsaveis por colocar ao seu lado, no momento certo, aquele(a) que compartilhará sua vida. Quando nos amamos de verdade o universo inteiro conspira a nosso favor.
          Para nos deixar sempre apaixonados e com vontade de namorar lembremo-nos de Carlos Drummond de Andrade em um trecho da sua crônica “Quem não tem namorado”
“... Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d'agua, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos e musical da Metro. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo, e quem tem medo de ser afetivo. Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e de medo, ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras, e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada, e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo da janela... Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. Enlou-cresça."
          Namore e se enamore. Torne-se apaixonante hoje e sempre!
          Como bem disse Gabriel Garcia Márquez "Nunca deixes de sorrir, nem mesmo quando estiver triste, porque nunca se sabe quem pode se apaixonar por teu sorriso."
                                                                            Para você que eu amo...

E quando olho para o lado
É seu rosto sereno que vejo
Contemplo os olhos
Agora adormecidos
A boca em um leve sorriso
O cabelo desalinhado
Que convida ao afago
Mas tocá-lo agora
Poderia desmanchar no ar
Essa tela que me embevece
E passo a ouvi-lo
É música para mim o seu ressonar
Mas o sol que entra pela janela
Junto com o suave perfume da manhã
O tocam e o fazem despertar
A luz que descortina o ambiente
Também o vem afagar
E os olhos despertam
Um sorriso maroto, o espreguiçar
Ficamos assim, a nos olhar
O silêncio é convidativo
O aconchego dos lençóis
Nossos corpos a roçar  
E em segundos nos entregamos
À melhor forma de acordar...

E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...