domingo, 2 de abril de 2017

Sempre andei pela periferia dos sentimentos
Não me aportando em nada ou ninguém
Dei azar de ancorar em um espaço disforme
Quase sucumbi em meio a tantas fantasias
Chorei rios por dias, alaguei meus espaços vazios
Martirizei o corpo querendo sufocar a dor
Iludi dia e noite chamando de amor
Passei dias, meses e anos nessa prisão
Alimentando-me do que jurava paixão
Já em frangalhos, arrastando os trapos da solidão
Senti um sopro leve que vinha de longe
Uma brisa suave chamada razão
Num último suspiro de força
Dei o salto para minha libertação
Quebrei a corrente, soltei as amarras
Sem olhar para trás flanei
E a escuridão para sempre deixei




E fui te inventando por que era preciso
Não me sabia quem  era
Mas conhecia as minhas dores
Ora alucinadas ora despidas de sentido
E fui te criando como especial
Era meu refúgio lugar de abrigo
Sorria o sorriso de quem não entende
Que real é estar sempre presente
E amanhecia coberta de esperança
Desconhecia ser pura expectativa
Algo fantasiado nas entranhas
Fugas do monstro assolador
E fui te inventando
Iludida acreditava estar amando
Era um desejo de ser outra não eu
Não era o reflexo o meu desejo
Estranha não me reconhecia
E fui te inventando
Era a única forma de ser lúcida
De repente fumaça
Desvanecendo no tempo
O que era passível de verdade
Restam apenas fragmentos embaçados
Aos poucos caem no esquecimento
Mas te inventei porque era preciso
De amor andei  falando
Foi nesse refúgio que acabei me encontrado

E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...