sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Um dia qualquer apenas ouvindo o vento
Ele chega e se acomoda ao meu lado
Nossos olhos se encontram
E o sorriso brota em nossos lábios
Nenhuma palavra é dita
A eletricidade é intensa
Sinto minha pele arrepiar
Não sei por quanto tempo ficamos assim
Nossa comunicação se dá por gestos
Caminhamos para lados opostos
Mas onde quer que estejamos
Nossos olhares se cruzam
Trocamos confidências 
Com o arquear de nossas sobrancelhas
Ficamos nesse jogo silencioso
E ao final quando tudo se aquieta
Nos reencontramos
Nos tocamos 
Nos sentimos
Sem palavras, apenas silêncio
A voz dos olhos
E o melodioso toque das bocas
E nos desfazemos
Como fumaça no ar

5ª Mostra Cultural Yalla Bina traz como tema "PALVRAS DANÇANTES". Os bailarinos interpretam, através da beleza da dança, alguns de meus poemas. Muito feliz de participar desse projeto...





Vontade...
Vontade de sentar a beira mar
Meus pés deixar a água tocar
A brisa meus cabelos embalar
Soltar suspiros no ar
E permitir que o silêncio venha me ninar
Vontade...
Vontade de simplesmente me largar
E nas água profundas meu corpo mergulhar
Despir-me das fantasias e para o sol cantar
Elevar meu espírito e com o vento voar
Vontade...
Quantas vontades no ser humano há
E nem todas possíveis de se realizar.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012


Medo

Como um véu negro deslizando sobre a pele

Causando arrepios, acelerando minha pulsação

Olhos arregalados na eminência do contato

Tateio o vazio, meu corpo estremece

Sinto frio, como se lâminas me atingissem

Os ouvidos aguçados na esperança

De escutar alguma coisa

Vislumbro uma sombra e

me desespero...

Deparo-me com o vazio

O silêncio é cortado por batidas

Acredito ser alguém à porta

Aguço ainda mais os ouvidos

Grito esperando ser ouvido

Mas nada acontece

Respiro como se o ar tivesse me abandonado

E percebo que as batidas alucinadas

Era meu coração

Eu já o sentia na boca

A noite escura e desequilibrada 

Parece brincar com minhas emoções

Os minutos pingando em horas

Meus nervos em frangalhos

Ficam alerta com qualquer movimento

As mãos tremem, o suor é pegajoso

Não consigo ver nada, o silêncio revolve

Cada centímetro a minha volta

Fareja-me como um cão

Consigo ver suas presas

E os seus olhos negros em mim

Um raio corta minha visão

A aurora desponta

O cão desaparece, respiro

Lentamente volto ao meu estado normal

O medo como criatura apavorante

Rondou-me na noite passada

E como amante sedento sugou minhas forças

Deslizo para o chão, exausto

Fecho os olhos e num último suspiro

Adormeço...

E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...