segunda-feira, 15 de outubro de 2012


Medo

Como um véu negro deslizando sobre a pele

Causando arrepios, acelerando minha pulsação

Olhos arregalados na eminência do contato

Tateio o vazio, meu corpo estremece

Sinto frio, como se lâminas me atingissem

Os ouvidos aguçados na esperança

De escutar alguma coisa

Vislumbro uma sombra e

me desespero...

Deparo-me com o vazio

O silêncio é cortado por batidas

Acredito ser alguém à porta

Aguço ainda mais os ouvidos

Grito esperando ser ouvido

Mas nada acontece

Respiro como se o ar tivesse me abandonado

E percebo que as batidas alucinadas

Era meu coração

Eu já o sentia na boca

A noite escura e desequilibrada 

Parece brincar com minhas emoções

Os minutos pingando em horas

Meus nervos em frangalhos

Ficam alerta com qualquer movimento

As mãos tremem, o suor é pegajoso

Não consigo ver nada, o silêncio revolve

Cada centímetro a minha volta

Fareja-me como um cão

Consigo ver suas presas

E os seus olhos negros em mim

Um raio corta minha visão

A aurora desponta

O cão desaparece, respiro

Lentamente volto ao meu estado normal

O medo como criatura apavorante

Rondou-me na noite passada

E como amante sedento sugou minhas forças

Deslizo para o chão, exausto

Fecho os olhos e num último suspiro

Adormeço...

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