Medo
Como um véu negro deslizando sobre a pele
Causando arrepios, acelerando minha pulsação
Olhos arregalados na eminência do contato
Tateio o vazio, meu corpo estremece
Sinto frio, como se lâminas me atingissem
Os ouvidos aguçados na esperança
De escutar alguma coisa
Vislumbro uma sombra e
me desespero...
Deparo-me com o vazio
O silêncio é cortado por batidas
Acredito ser alguém à porta
Aguço ainda mais os ouvidos
Grito esperando ser ouvido
Mas nada acontece
Respiro como se o ar tivesse me abandonado
E percebo que as batidas alucinadas
Era meu coração
Eu já o sentia na boca
A noite escura e desequilibrada
Parece brincar com minhas emoções
Os minutos pingando em horas
Meus nervos em frangalhos
Ficam alerta com qualquer movimento
As mãos tremem, o suor é pegajoso
Não consigo ver nada, o silêncio revolve
Cada centímetro a minha volta
Fareja-me como um cão
Consigo ver suas presas
E os seus olhos negros em mim
Um raio corta minha visão
A aurora desponta
O cão desaparece, respiro
Lentamente volto ao meu estado normal
O medo como criatura apavorante
Rondou-me na noite passada
E como amante sedento sugou minhas forças
Deslizo para o chão, exausto
Fecho os olhos e num último suspiro
Adormeço...
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