quinta-feira, 8 de março de 2012

Ser Mulher...

Ser mulher é um presente de Deus... 
Reclamamos, choramos, rimos, brigamos, gastamos horrores com roupas e sapatos que nem sabemos se vamos usar algum dia, e nunca temos a roupa certa para aquele momento especial, está sempre faltando alguma coisa no guarda-roupa. 
Esperamos sim, uma ligação no dia seguinte e é claro que ela nem sempre vem, pelo menos não de quem nós desejamos... 
O dia passa, a página vira e outro capítulo começamos a escrever com outras personagens...
Aguardamos ansiosas por aquele encontro e passamos horas nos preparando para ele...
Somos apaixonadas por aquele "príncipe" que aparece na TV, no cinema, fantasiamos... 
SER MULHER é ser acima de tudo uma das mais belas criações de Deus... 
SER MULHER é não ter vergonha de se apaixonar e se declarar, mesmo que isso não dê em nada... 
Um pouco de lágrimas e amanhã já será outro dia...
SER MULHER...
É chorar quando tem vontade...
É chutar o balde quando a raiva chega...
É se derreter quando ganha um lindo buquê de rosas...
É achar maravilhoso quando é cortejada e tratada como uma princesa...
É lavar quilos de roupa, passar, limpar a casa e ainda estar linda à noite...
É se olhar no espelho e se orgulhar das marcas refletidas nele... 
É se transformar quando preciso e ser apaixonada pelo próprio corpo, cuidando e respeitando esse invólucro que abriga sua alma...
É lutar com unhas e dentes para defender sua prole...
Enfim, somos normais (ou anormais...) e é por sermos tão simples e singelas assim que todos os homens são apaixonados e até podem fazer um charminho, mas não conseguem passar um dia sem a nossa doce companhia... 
PARABÉNS a todas as mulheres que se jogam sem medo, que caem e se levantam para continuar sem olhar para trás, QUE SE ORGULHAM DE SER MULHER!

Agora, um presente de uma das mulheres que mais admiro e respeito, por tudo que ela foi, por tudo que ela escreveu. Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas ou apenas CORA CORALINA:


"Cora Coralina, quem é você? 

Sou mulher como outra qualquer.
Venho do século passado
e trago comigo todas as idades.
Nasci numa rebaixa de serra
Entre serras e morros.
“Longe de todos os lugares”.
Numa cidade de onde levaram
o ouro e deixaram as pedras.
Junto a estas decorreram
a minha infância e adolescência.
Aos meus anseios respondiam
as escarpas agrestes.
E eu fechada dentro
da imensa serrania
que se azulava na distância
longínqua.
Numa ânsia de vida eu abria
O vôo nas asas impossíveis
do sonho.
...
Sendo assim, tenho a
consciência de ser autêntica.
Nasci para escrever, mas, o meio,
o tempo, as criaturas e fatores
outros, contra-marcaram minha vida.
...
A escola da vida me suplementou
as deficiências da escola primária
que outras o destino não me deu. 
...
Apenas a autenticidade da minha
poesia arrancada aos pedaços
do fundo da minha sensibilidade,
e este anseio:
procuro superar todos os dias
Minha própria personalidade
renovada,
despedaçando dentro de mim
tudo que é velho e morto.
Luta, a palavra vibrante
que levanta os fracos
e determina os fortes.
Quem sentirá a Vida
destas páginas...
Gerações que hão de vir
de gerações que vão nascer"

segunda-feira, 5 de março de 2012

Crônica de domingo


     “Dia de luz, festa de sol e o barquinho a deslizar no macio azul do mar...”* Hoje não havia mar e nem barquinho velejando ao longe, mas a manhã trouxe um céu azul e um sol brilhantes. Fui despertada por pássaros e meu primeiro café da manhã em minha nova casa tinha uma xícara fumegante de café com leite, pão crocante e quentinho com manteiga, frutas e um queijo tão macio que derretia na boca. Acompanhada de boa música e entre um quitute e outro me deixei levar em devaneios do meu futuro.
     Depois de um tempo saboreando meu café da manhã fui às compras. Primeira parada feira livre, um dos lugares mais interessantes para se começar o dia. Tendas coloridas, pessoas num vai e vem constantes, disputa entre vendedores para atrair a clientela. Algumas pessoas são clientes tão antigos que já se criou uma relação quase que familiar entre eles. As senhorinhas estão lá escolhendo os melhores produtos para o almoço do domingo, perguntam se tal produto foi colhido no dia, pechincham e entre um sorriso e outro, uma compra e outra os carrinhos e as sacolas, ecologicamente corretas, vão enchendo.
     Escolher cada produto, sentir o cheiro doce ou cítrico das frutas, a crocância das folhas que foram colhidas bem antes do sol nascer, tudo fresco e delicioso. Conversar com desconhecidos, ganhar uma receita de um prato que nem sei se algum dia terei a competência de cozê-lo.  Tudo isso é para mim sempre uma oportunidade de aprender e crescer. Passar um tempo ali é um privilégio para quem tem sensibilidade suficiente de descobrir na simplicidade a beleza de cada indivíduo.
     Saindo da feira fui ao supermercado, geladeira e dispensa totalmente vazias. Como estou voltando para meu antigo endereço, acabei reencontrando velhos conhecidos e colocando o papo em dia. Uma compra que não deveria durar mais que 20 minutos, acabou se estendendo um pouco mais, mas foi muito bom.
     De volta para casa, hora de colocar tudo no lugar e aproveitar meu momento de inspiração para preparar um belo almoço. Primeiro passo abrir uma garrafa de vinho, porque é preciso estar muito bem acompanhada para produzir bons pratos. Decidi por coxa e contra coxa de frango temperadas com sal, pimenta, alho, azeite, limão, tomilho e alecrim e um pouco de manteiga para dar brilho à carne, batata souté, brócolis refogado no azeite de alho e salada de abobrinha menina e jiló (que eu ADORO). Enquanto preparava meu almoço recebi a visita de minha irmã e de alguns tios, outra garrafa de vinho foi necessária e enquanto o almoço estava sendo preparado fui apresentar meu novo lar. Como o espaço é muito pequeno não demorou muito e já estávamos sentados à mesa da varanda (que é maior que a casa) batendo papo. Eu adoro ouvir histórias dos meus parentes que já se foram, por mim passaria horas ouvindo as histórias e descobrindo um pouco mais de mim.
     Claro que meu almoço foi um sucesso (rs...) e como não poderia faltar à sobremesa servi sorvete de pistache com calda de morango. Entre uma lembrança e outra as horas foram se passando e acabei me dando conta do quanto eu sentia falta disso. Passei tanto tempo sozinha que já havia me esquecido de como é bom estar com muita gente.
    Um filme (Sociedade dos poetas mortos, que já vi não sei quantas vezes) encerrou meu dia e uma fala da personagem vivida por Robin Williams completou meu momento de inspiração “Não lemos e nem escrevemos poesia porque é bonitinho. Lemos e escrevemos poesia porque somos seres humanos. A raça humana está repleta de paixão... poesia, beleza, romance, amor é para isso que vivemos...”
     Não sei como viver diferente, minhas emoções, minhas paixões são o sustento da minha alma. Alma essa que se recusa a ser normal, que chora, ri, ama e não desisti mesmo que leve um tombo aqui outro ali. E o meu barquinho vai navegando nas águas ora calma, ora turbulentas da vida.    


* trecho da música “O Barquinho” de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli

E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...