Mais um ano vai deixando para trás o que se fez presente, ausente, distante. Foi um ano bom? Não sei a resposta, a única coisa que sei é que foi um ano de despedidas, algumas sem volta, outras, talvez recebam um olá qualquer dia desses, mas nem sei se esse olá é realmente importante.
Fiz viagens externas e
internas, aprendi muito. Descobri coisas interessantíssimas sobre a arte da
convivência, treinei a paciência, cultivei a tolerância. Importei-me muito pouco
com coisas insignificantes, valorizei pequenos gestos. Conheci pessoas
incríveis, decepcionei-me com outras que tinha em tão alta conta, chorei quando
algumas máscaras caíram e verdadeiros rostos foram revelados, alegrei-me com
gentilezas e respeito quando estes estão a cada dia mais distantes de nossa
realidade. Descobri que as pessoas podem ser cruéis usando o sorriso e as
frases sempre prontas para manterem-se com a imagem criada sem se preocuparem
com a dor que causam por suas atitudes.
Em muitos momentos fiz do silêncio um companheiro e do barulho
da minha mente o chicote que garante a disciplina de se permanecer SÃO quando a
vontade é perder a RAZÃO.
Não me lembro de ter me
apaixonado, acho que esse ano não tive muito tempo para isso, mas estou
torcendo para que o novo ano me traga esse companheiro de risadas largas e
humor na alma. Percebo agora, que a lembrança varreu esse espaço escondido, que
a ausência de alguém não foi tão dilacerante assim. Talvez já esteja pronta
para preencher o espaço do coração que precisou ser esvaziado. Mas diante do
que tenho visto e ouvido, talvez seja melhor seguir meu caminho sozinha. A
solidão pode, às vezes, causar desconforto, mas ela jamais deixará feridas que
dificilmente irão cicatrizar.
Comecei a preparar uma lista
de metas e desejos para o novo ano, parei na segunda linha. Não quero planejar
nada, tão pouco engessar as possibilidades. Como passarinho que vem comer ou
deixar sementes, quero estar de alma leve e coração livre para enxergar as
oportunidades e torná-las presente de uma vida melhor, mais simples, com o que realmente
vale a pena.
Já não valem mais tantas preocupações sem nexo, demonstrar sentimentos para agradar pessoas que nem se importam com você, manter na agenda quem nunca lhe dirigiu um oi. Só vale a pena o sorriso sincero, aquele que vem da alma. Só vale a pena estar com pessoas que realmente lhe desejam a companhia, só vale a pena trocar energias positivas com quem lhe deseja o sol em dias de chuva e a lua nas noites mais escuras.
Nesse tempo que corre como
dantes, mas acreditamos voar como jato só precisamos bendizer ao acordar e
agradecer ao adormecer. O “e se...” deve
ser trocado pelo “vou fazer... Vou
dizer...” E lembrando Sartre “o homem
nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo”, nesse sentido vou me
construindo, reconstruindo e quem sabe no final seja alguém com muito menos
peso a carregar nos quilômetros que ainda me restam para caminhar.
Que venha esse novo ano e que
seja ele muito BEM-VINDO!