quarta-feira, 28 de dezembro de 2016


É madrugada, acabo de assistir Café Society, um filme de Woody Allen. Aquele filme que você começa a assistir por acaso, quando a insônia insiste em te fazer companhia, mas que aos poucos vai te conquistando e quando se dá conta você está ali se embebedando de cada cena.
Ao final, completamente desperta, sinto uma necessidade desmedida de escrever, e as palavras saem sem o menor pudor.
Você me veio a mente, como lembrança que se quer esquecida e guardada na última caixa bem lá no fundo sem qualquer tipo de acesso, mas que a um simples toque flutua até você e se expande revelando o que você se esforça para esquecer. Aquele desejo impossível de ser saciado.
Enquanto meus dedos tamborilam o teclado, ouço Manhattan uma das trilhas do filme, tão delicada e forte ao mesmo tempo, fecho os olhos e lá estamos, juntos, dançando ao som de um piano que faz parecer que tudo é real, mãos que se tocam suavemente, seu cheiro misturando se ao meu, pele com pele. Assim, em êxtase, embarco nessa viagem de sonho, onde tudo acontece, tudo é possível e você é real, nela não exite distância, não existem outros, nela somos apenas você e eu e te toco como em tempos outros, lembranças vividas que, como memórias, difíceis de apagar.
Giro na madrugada e ouso a me permitir cantar, embalada por cada acorde  percebo em mim um ser que se pega sorrindo.
Há uma inscrição no cartaz do filme que diz: "Anyone who is anyone will be seen at Café Society" . Sim , me vejo em algumas cenas do filme e, talvez por isso, ele tenha me tocado tão profundamente. " É Woody, devo concordar com você "essa vida é uma comédia, escrita por um sádico"


E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...