quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O recomeço é sempre muito difícil
Sinto-me como a uma lagarta
Vou rastejando entre galhos e folhas
Começo a preparar meu casulo
Nesse tempo que ignoro a passagem
Sobrará apenas a necessidade de me recriar
Encolho-me quase a um feto
Debruçada por sobre meus delírios
De um sofrimento que jamais
Imaginei sentir e nunca desejei viver
Agarrada a uma fina linha de sustentação
Consigo ver apenas uma sombra
O consolo vem de sons que ao longe
Repercutem o que nunca quis ouvir
Vou regurgitando e remoendo
Os restos do que sobrou
Ainda é um escuro que padece de solidão
Mas apiedada de mim
Virá uma luz que mesmo exígua
Poderá salvar minha alma
Já sinto meu casulo se fechando
Já sinto meu corpo se reconstruindo
Levará o tempo necessário para se curar
Nessa viagem sem volta
Permitirei-me apenas esperar.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A dor da alma é a pior dor que existe
É como uma navalha que dilacera a carne
Rasga cada pedaço de pele e deixa a mostra
O mais profundo sofrimento
A angústia que acompanha essa dor
Sufoca e não há ar que alivia o desespero
De buscar e não conseguir respirar
Faltam forças para me locomover
O chão desaparece e tudo fica solto no espaço
A vontade é de soltar o grito que ecoa por dentro
Mas por mais que você grite não existe voz
Não existe som é um vazio absoluto
O escuro toma conta de tudo e a luz desaparece
A dor da alma acaba com todas as reservas de energia
Que te auxiliam no exaustivo exercício de caminhar
Caminhar para nenhum lugar
Sinto-me como um saco vazio abandonado ao chão
Tudo foi retirado e vomitado
Estou seca como uma árvore no fim do verão
Que busca nas profundezas água para
Quem sabe libertar-me da solidão
Mas é sal que encontro e abre ainda mais as feridas
A dor maltrata como vilã de um filme de terror
Onde vivo a protagonista dos erros que eu mesma
Infligi-me onde maltratei os fantasmas de outrora
Na ingenuidade de pensá-los esquecidos e adormecidos
Mas não existe esquecimento no brotar da aurora
Todos os vestígios do dia de ontem se acumulam
E se regeneram agora como monstro travestido de dor
Que me devora quebrando todos os ossos
Não sobrou nada apenas um espectro
Que o tempo poderá varrer como poeira
Ou terá piedade e transmutará em outro ser.

E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...