segunda-feira, 10 de junho de 2013


Ontem eu morri
Era uma morte anunciada
O dia despontara com nuvens
Negras no horizonte
Os gritos em forma de canto
Dos agourentos pássaros
Faziam se ouvir a distância
Cambaleei até o chão que
De tão frio me despertou
Ergui a face rumo às nesgas de sol
Na tentativa inútil
De sua clemência
Refiz os últimos momentos
As últimas horas
Engoli as lágrimas como
Amargo café da manhã
Contei histórias
Contei memórias
Apaguei as mágoas
Com a borracha da certeza
Não me arrependi de nada
As últimas horas encontraram-me
Despida no canto vazio da sala
Não havia bagagem para minha partida
Da mesma forma que cheguei um dia
Agora conscientemente partiria
Estranhamente alguns sons
Chegaram para minha despedida
O choro tantas vezes guardado
A gargalhada dos momentos leves
Os ritmos lentos, porém precisos
Da vida que quis ter
Vi se apagarem as luzes
E o corpo ora emprestado
Adormecido ao pé da cama
Sem cansaço ou tristeza
Ontem eu morri e
E nessas primeiras horas
Banhadas de róseos matizes
Milagrosamente renasci!

E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...