quinta-feira, 28 de julho de 2011

Hoje ouvi a tua voz

Do nascer ao por do sol

Seu belo rosto acompanhou todo meu dia

Era seu sorriso que via em cada bom dia

As canções do rádio eram todas você

E era você quem me presenteava

Em cada olhar que passava

Dirigia lentamente querendo eliminar o tempo

Como se fosse possível congelar o momento

Aconchego-me agora ao macio travesseiro

Novamente sua voz vem me acalentar

Percebo sem qualquer risco de desespero

Que foi por tua alma que me deixei apaixonar

É essa alma que me acalma, me faz mulher

É essa mulher que não lamenta a tua ausência

Tão pouco pede a tua presença

Minha alma ama a tua

E esse amor já tomou conta de mim

Ele está além de tudo que consigo

Imaginar, desejar, esperar...

Meu amor é só meu e irá

Comigo aonde quer que eu vá.

O dia se despede da noite

No balanço suave da melodia no ar

Ponho-me a sonhar

É no sonho que todas as noites

Me liberto para te encontrar.
Para Dilvana...

Contemplar teu rosto
É como abrir a janela
E receber o beijo do sol
Ouvir tua voz é como
Se encantar com o rouxinol
Você é luz que ilumina
Tudo por onde passa
Teu riso solto e despreocupado
Faz-nos sentir agraciados
Sentimo-nos abençoados
Pelo prazer de estar ao teu lado
Moça bonita de riso fácil
Encantadora como flor rara
Perto de você o tempo para
Sejas sempre assim
No corpo de mulher o olhar de menina
A estrela que brilha cintila
Vestida de sonho e esperança
Você não para, não descansa
E mesmo que o sal salgue teu belo rosto
Haverá teu riso franco e teu coração aberto
E quando a luz da lua encher a noite
Que adormecerá nos braços do tempo
Você será o sopro doce da relva amanhecida
O mais belo acorde da música mais linda
Você não é Ana
É Dilvana sinônimo de amor que AMA...
Calaram-me sem nem sequer me ouvir

Botaram em minha boca palavras

Que nunca compreendi

Lavaram-me com um líquido

A princípio límpido

Mas aos poucos percebi

Que ao me lavar apagaram-me também

Sou jogado em um terreno que desconheço

Sou ameaçado, banalizado, ridicularizado

Taparam minha boca e não consigo verbalizar

Grito para dentro de mim

Como quem busca se libertar

Os arranhásseis me circundam, amedrontam

Torno-me pequeno como um inseto

Sem voz nem vez

Sigo cabisbaixo

Vou de encontro ao que acredito

Pois venderem minha esperança

Compraram meus direitos

Minha palavra não tem forma

Está vazia de significado

Tiraram de mim o direito de me expressar

Vivo nesse amontoado de nadas

Sou alimentado com o vazio

Mas me escondo atrás de palavras

Fantasiadas e pouco compreendidas

Enquanto por fora me castigam com

Inexpressivas formas de pensar

Por dentro vou me completando

Preenchendo espaços e aos poucos

Em pequenos gestos, vou me libertando.
Olho as sombras que se propagam na parede

Vejo vultos disformes e os interpreto

Não aquilo que é real, mas apenas o que imagino

Vou tecendo uma teia de imprecações

Não há preocupação com tais interpretações

Crio um pensamento para cada sombra

Alimento com minha imaginação

Aquilo que acredito ser

As sombras transformam-se em monstros

Que devoram sem piedade.

Nesse estado de claustro

Acredito apenas naquilo que alimento

É essa liberdade de pensamento

Que ora me mostra a realidade

Ora destrói minha felicidade

Sou livre para pensar e acreditar

Naquilo que vejo como verdade

Também sou livre para receber

E aceitar sem questionar

O que advém de minha irresponsabilidade

O pensamento é livre

Sua interpretação também

Mas quando ele adquire forma

Através de palavras pouco cuidadas

Ele pode ser vil e ameaçador

Doce e acalentador

Enquanto pensamento está preso

Materializado em palavras, perigoso.

A arte de escrever...

É quase uma dor pungente e pulsante

Estar à sua frente e nada conseguir dizer

Olhamos-nos com intensidade e debilidade

Eu torturo-me no angustiante desejo de lhe possuir

Vasculho cada pedacinho do meu ser

Na busca do como te preencher

Você fica ali imóvel

Resistente e quase despercebida de mim

Tento a todo custo buscar ajuda

Bebo das fontes que alimentam minha alma

Mas nada consegue mudar esse estado

Vou me contorcendo e sacrificando

Todo o meu corpo que exausto

Se deixa cair como pedra no caminho

Em um último suspiro olho para você

Não vejo mais uma folha em branco

De tanto me fazer sofrer

Ensinou-me que é na simplicidade

E na humildade que se encontra

A verdadeira arte de escrever...

E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...