quinta-feira, 28 de julho de 2011

Calaram-me sem nem sequer me ouvir

Botaram em minha boca palavras

Que nunca compreendi

Lavaram-me com um líquido

A princípio límpido

Mas aos poucos percebi

Que ao me lavar apagaram-me também

Sou jogado em um terreno que desconheço

Sou ameaçado, banalizado, ridicularizado

Taparam minha boca e não consigo verbalizar

Grito para dentro de mim

Como quem busca se libertar

Os arranhásseis me circundam, amedrontam

Torno-me pequeno como um inseto

Sem voz nem vez

Sigo cabisbaixo

Vou de encontro ao que acredito

Pois venderem minha esperança

Compraram meus direitos

Minha palavra não tem forma

Está vazia de significado

Tiraram de mim o direito de me expressar

Vivo nesse amontoado de nadas

Sou alimentado com o vazio

Mas me escondo atrás de palavras

Fantasiadas e pouco compreendidas

Enquanto por fora me castigam com

Inexpressivas formas de pensar

Por dentro vou me completando

Preenchendo espaços e aos poucos

Em pequenos gestos, vou me libertando.

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