segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Estranho

Outro dia, ali na esquina da vida
Deparei-me com um estranho
De olhos muito negros e boca forte
Apertou minha mão com segurança
Não desviou o olhar quando ao se apresentar
Perguntou meu nome e sorriu com os olhos
Minhas antenas ficaram em alerta
Mais um caso esquisito que sempre
Acontece comigo quando resolvo virar a esquina
Mas a figura estranha nem ligou para isso
Contou-me seu dia sem que eu o perguntasse
Revelou-me detalhes interessantes de
Um novo livro que acabará de ler
O estranho é que esse estranho
Não me deixou pensar ou analisar
Caminhou comigo por certo tempo
Em uma determinada esquina
Avisou-me que chegará aonde queria
Cumprimentou-me novamente
Depois se virou e seguiu enfrente
Deu alguns passos e me acenou com um sorriso
Fiquei parada ali a olhá-lo por um tempo
O estranho nem era tão estranho assim
Era o meu destino conduzindo-me
Para um novo caminho e tinha a certeza
Que me deixara no lugar certo
Eu sorri e pulando os quadrados
Que a pouco haviam sido formados
Juntei os pedaços espalhados
E os guardei em um delicado saco de cetim
Eram os seus versos torcendo por mim.

Soneto coração de mulher

Devia ser proibido maltratar o coração de uma mulher
Retirá-lo do seu peito e fazer dele o que bem quer
Brincar com seus desejos e fantasias e os manipular
Amá-la com sofreguidão e depois a abandonar

Você nem sabe as dores que causa no seu coração
Não lamenta as feridas abertas depois da paixão
É um sorriso falso esse que você lança
Depois se despede sem ao menos uma esperança

Devia ser proibido maltratar um coração sensível
Que sofre por não querer ser invisível
Que chora de verdade quando bate a saudade

Esse coração que pode parecer forte
Mas não chega nem perto de sua realidade
E que fica sempre abandonado a sua própria sorte

Contemplar...

Vem, senta comigo
O sol já vai se por
E não haverá outra hora como essa
Mira essas cores que aparecem no céu
Tons de rosa, laranja, vermelho, azul, branco
Veja como cada cor combina entre si
É como contemplar uma tela
Onde o artista escolhe as mais belas cores
As mistura e em grandes pinceladas
Dá-nos de presente essa beleza
Espere não vá embora
Ouça o silêncio que faz agora
A natureza busca seu descanso
O pássaro solta um canto manso
Esse dia se despede não haverá outro igual
Sente-se, relaxe, aproveite
Faça parte desse instante
Sinta-se parte integrante
Dessa pintura que aos poucos se desfaz
Depois pode partir... Vá em paz!

Quero voltar para casa

Quero voltar para casa
Retirar o tecido que recobre os móveis
Remover a poeira e as teias que se formaram
Quero correr descalça pela rua e dançar
Soltar os cabelos ao vento e voar
Subir e descer as ladeiras
Cumprimentar as velhas costureiras
Jogar bola com a molecada
Quero ouvir de novo as gargalhadas despreocupadas
Nas noites quentes e enluaradas
Quero voltar para casa
Descortinar o tempo e vislumbrar a esperança
Quero voltar e sorrir como no tempo de criança
Quero a chuva batendo em meu rosto
Pular na enxurrada e cantar com gosto
No silêncio da noite contemplar as estrelas
Ser seu brilho, sua centelha
Quero voltar para casa
Para o colo que acolhe
Para o abraço apertado
Quero voltar para casa
E simplesmente ser amado...

E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...