terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Alguns dias, horas e então esse ano chega ao fim.
Um ano que mais me maltratou que amou,
Que rasgou minha pele e deixou feridas,
Que lavou minha face com gotas salgadas
E cobriu minha alma com sombras.
Frágil corpo que foi ao chão tantas vezes,
Mas que se levantou e com dores não se alquebrou.
Vejo agora, como filme em minha memória,
Os sorrisos nos lábios quando
A vontade era de chorar.
A dor no peito da saudade que machuca,
O sim quando o desejo era gritar o não.
Não peço nada para o ano que chega
O cansaço não me permite desejar.
Levarei na bagagem apenas uma certeza,
Que podem me derrubar
Podem me fazer chorar
Podem ignorar minha maneira de ser
Podem ignorar o meu querer
Eu serei sempre eu
Com minha anormalidade escancarada
E minha vontade de encontrar
O sol em cada nascer de um novo dia.
E mesmo debaixo da chuva fria
Estarei aquecida pelo sangue que
Corre nas veias e contra tudo
Acreditar que a solidão é opção
E com ela sinto-me muito bem acompanhada,
Pois estou dentro do meu mundo
Tantas vezes criticado e questionado,
Mas que não vive de aparências
Muito menos de sorriso e falas falsas.
Seguirei sozinha, mas seguirei
O que vou encontrar só depende
Das escolhas que farei e das
Pessoas que desejarei a meu lado.
Sinto-me como cega ontem
E livre do negro véu hoje.
Não faltarão críticas e pelejas
Não faltarão comentários e sermões
Não faltarão verdades e conhecimento...
Ontem cega, hoje surda
Meu silêncio será música
Que alimentará minha alma
Assumo de vez todos os adjetivos
A mim apregoados...
Não sou boa moça e jamais o serei
Quero a liberdade de falar o que penso
De fazer o que tiver vontade,
De ser um SER HUMANO
E não uma coisa estereotipada
Manipulada por ilusões e fantasias.
Já conheço o meu fim
E isso é a única verdade que
Tem real significado para mim.



quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Vício

Todo vício pede um tempo para desintoxicação,
Assim eu também preciso de um tempo
Para poder me livrar de você.
Não é fácil devo dizer.
Quando a saudade vem o corpo sofre,
Sinto dores em lugares que nunca imaginei.
Choro!
O choro lava a alma e ameniza a angústia,
Depois do sofrimento vem a melancolia.
Encolho-me abraçada às pernas
Em um canto qualquer da minha alma.
Ali, sozinha, espero a dor passar
Mais um dia se vai.
Ainda é muito forte o que sinto,
A abstinência de você não é fácil
Mas amanhã será outro dia
E um pouco mais de sofrimento.
E chegará um dia que meu corpo estará limpo,
E eu poderei caminhar livremente
Sem dor ou sofrimento.
Haverá muito mais luz em meu caminhar
E talvez algum dia reencontre o prazer de amar.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Adrieline...

Apenas 19 cm e a grandeza 
De ser tão amada e desejada.
O pequeno coração explode em batimentos que,
Na nossa doce ilusão, imaginamos seja de emoção
Por também sentir o nosso amor.
Tão pequenina e tão forte.
Um anjo que virá em maio,
E chegará numa manhã de sol radiante.
Às lágrimas, que já rolam por nosso rosto,
São pequenas gotas de cristais
Que gostaríamos de transformar em pedras preciosas
Para lhe entregar assim que você chegar.
Seu nome você mesma vai inspirar
E ele será tão forte e determinado
Que ninguém terá coragem de contestar
Venha nos iluminar pequena estrela
E nos torne com seu doce e meigo olhar
Pessoas melhores e muito mais felizes
Simplesmente por ao seu lado ficar.

Poema dedicado a minha afilhadinha linda que ainda vai nascer...
O problema foi que eu acreditei
Tivesse eu ficado apenas na fantasia
Tudo teria virado fumaça
E ao acender das luzes
Perceberia que tudo não passou de sonho
E é claro FANTASIA...

Ser

Alguém disse que é preciso Ser
Então eu Fui
Perdi-me no meio do caminho
Muitas pedras me encontraram
Alguns rastros foram apagados
Pela chuva, pelo vento...
Muitas estradas e um único destino
Único?
Nas encruzilhadas parei
Esquerda, direita, frente, voltar...
Voltar significaria desistir
Então parti pelo caminho que escolhi
Nem tudo foram lágrimas,
Mas também nem tudo foram risos.
Os caminhos que segui, por conta e risco,
Ensinaram-me a jamais me arrepender
Ao contrário, recolhi o que
Em caco se transformou
Colei o que foi importante
Joguei fora o resto
Nesse eterno renascer... Crescer... E viver
Aprendo constantemente a real
Necessidade de SER.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Crônica...

 O final de semana foi de demonstração de afeto dos meus adorados afilhados, pelo meu aniversário que se aproxima. Minha sobrinha e afilhada Elysa me levou ao cinema. “Amanhecer” foi o filme escolhido, claro que já assistimos a todos os filmes da saga e é sempre um prazer estar na sua companhia. Essa moça linda, inteligente e extremamente dedicada é a doçura e a beleza em pessoa, tenho muito orgulho dela, adorei meu presente.
“Madrinha, esse gol é pra você... Presente de aniversário antecipado, te amooo”.  Essa foi à frase gritada do meu afilhado Rafael, lá de Maringá, ao marcar um dos três gols que fez no final do campeonato da escola.  Esse pequeno grande rapaz, com seus sete anos, atacante e artilheiro mostra que carinho e amor vem em grandes porções e não importa a distância. E a madrinha aqui se derrete inteira.  Já avisei que no próximo campeonato estarei lá, torcendo e gritando, como bem convém a uma madrinha maluquinha.
Em Brasília, tem também o outro afilhado Marcos, um belo rapaz da Força Aérea, carinhoso, educado, gentil e que tem um péssimo defeito, é incapaz de dizer “não”, principalmente se for para uma mulher, se ela chorar então a coisa complica. Esse meu eterno menino, me presenteia sempre com essa frase “Tia, você é minha inspiração...” e eu, toda metida, respondo: Você é meu orgulho. De presente ele me deu um caminhão de beijos e a promessa de me ensinar capoeira em 2012. É só um número na carteira de identidade, a criança aqui tem certa dificuldade em envelhecer, até porque tenho coisas demais para aprender e só vivi um pouquinho até agora.
E não posso esquecer-me do pequeno Diego, com aquele olhar sapeca e safado, que me enche de beijo todas as vezes que estamos juntos.  Adoramos jogar vídeo game, a disputa é séria e não dou mole pra ele não, mas ele é esperto, joga aquele charme do alto dos seus quatro anos e é claro, a didinha Jackie não resiste aperto e mordo aquela coisinha gostosa. Esse vai dar muito trabalho quando crescer, já morro de ciúmes. E tem também o meu mais novo afilhado, ou afilhada, que ainda está bem protegido dentro da barriga da mamãe Jânia, mas já é tão amado e tão desejado que consigo sentir sua energia fluindo pra mim, principalmente nesse momento em que me sinto frágil.
Cada um, com suas características e personalidades são meus maiores presentes. Receber um sorriso, ganhar um beijo e um abraço apertado renova minha energia e minha certeza que ainda vale a pena acordar amanhã e continuar seguindo meu caminho e dando a eles meu amor e meu respeito.
Dezembro não é um mês que aprecio muito. Coisas não muito boas aconteceram ao longo desses meus quase 45 anos e sempre no mês de dezembro coincidência ou não.  Esse mês me deixa triste, angustiada, tem um nó na garganta que não se desfaz e nunca consegui entender porque isso acontece.  Dentro de alguns dias renovo a idade e esse nó fica um pouco mais leve. Não, não é porque fico mais velha que me sinto angustiada... O que alivia um pouco e me deixa feliz são essas pequenas demonstrações de carinho e amor dessas pessoas que amo tanto e que só por existirem fazem da minha vida um arco íris.
Momento “deprê” de lado, dezembro não é só tristeza, esse ano ele vem com algumas expectativas também: o lançamento de um livro com alguns poemas meus, o resultado, que espero positivo para a turma do mestrado UFU/2012, mudança de casa, o fim de um período meio confuso e complicado e o desejo de encontrar em 2012, alguém para compartilhar minhas alegrias e conquistas, mas esse desejo terá que passar por algumas apreciações, acho que esse momento será o mais complicado, já que tem muita gente para fazer a avaliação e aceitação do futuro pretendente, mas entendo que o que todos querem é a minha felicidade e nada menos que isso. Coração aberto e portas e janelas da alma também.
Aos meus amados afilhados que me deram presentes tão lindos o meu muito obrigada, um beijo enorme no coração de cada um e quero vocês comigo, pelo menos em espírito, no dia do meu aniversário.
Assim encerro mais um final de semana, cheia de graça e paz. Feliz por ter na minha vida, seres humanos tão lindos que tenho o orgulho, e o egoísmo, de chamar de meus: amores, amigos, afilhados... Meu coração fica mais leve só por saber que vocês existem.
Diego
Rafinha

Elysa
Marquinho
Mamãe Jânia

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Sintomas de saudade - Marisa Monte

Saudade

Quanto tempo dura uma saudade?
O tempo necessário para tirar da alma
A imagem da beleza, dos pulmões o
Cheiro extasiante, da boca o gosto adocicado
Das palavras ditas com amor e carinho.
O tempo que dura uma saudade é o
Mesmo tempo que leva a luz de uma estrela
Distante para brilhar em teus olhos.
Saudade dos pequenos momentos regados
A gargalhadas e palhaçadas.
Saudade do colo que tantas vezes acalentou.
Saudade do beijo doce e do abraço apertado.
Saudade das brigas que sempre terminavam
Em um sorriso tímido que aos poucos agigantava.
O tempo que dura uma saudade não se conta
Pelos ponteiros do relógio ou pelos dias do calendário
Saudade não se mensura.
Saudade sente-se e pronto, embora nem sempre
Possa, ao final do dia, colocar um ponto.

Vício - Roupa Nova(Acústico 2)

De novo não... "Eu juro que não..."
Quero gritar, mas a minha voz insiste em se calar
Meus poucos instantes de felicidade acabam
Murchos em algum canto da alma
Não sei lidar com esse vazio que cresce
Maltrata e me deixa seca como uma figueira
Que levou do tempo apenas o vento
Soprado nas noites quentes e adormecido
No quase nada de dias partidos
Iludir-me parecia ser a coisa certa a fazer
Mas como um vício, percebi que necessitava
Do estado de alma momentâneo para logo
Em seguida voltar a sofrer o vazio angustiante
Lamber as feridas causadas pelo orgulho e
Arrancar da pele as marcas deixadas por toques
Que dificilmente abandonarão os recônditos da memória
Ver-me sufocar na noite engolindo lágrimas
E acordar para o dia cinza com restos de ontem
Loucas as minhas vontades e absurdamente infeliz
Minha verdade transvestida de nada com luz
Bruxuleante e esmaecida
Pobre vida desperdiçada e esquecida.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Quando você se sente só
Acreditando que tudo está perdido
Que aquela nuvem cinza sobre sua cabeça
Ficará lá para sempre
Quando você já perdeu a esperança
Que já se esqueceu de como é ser criança
Acreditando que precisa crescer e vencer
Lembre-se que você pode fazer a diferença
Só você pode mudar o seu mundo
Esqueça o cinza das nuvens
Existe um sol depois delas
Se alguém te menospreza, problema dela
Você é o único responsável por você mesmo
E daí para o que os outros pensam
Você é mais importante
Corte a corda, liberte-se
Alce vôos mais promissores
Vá à busca de outros amores
Não se limite a meros instantes
Você é a parte mais importante
Da sua história, é a única coisa que conta
Não se iluda, não espere
Abra os braços vá ao encontro
Do que você acredita e merece
Todo dia é assim
Ele senta na janela e conversa com o vento
Ninguém sabe do seu pensamento
Já tentei chamar sua atenção
Mas ele nem olha pra mim
Já compus até uma canção
Propus entregar meu coração
Mas ele é indiferente
Sequer me vê na sua frente
Faço desenho na calçada
Com meus sapatos barulhentos
E ele só da atenção para o vento
Finjo ter perdido alguma coisa
Lanço-lhe um olhar pedindo ajuda
Ele olha, mas não enxerga
Sigo caminhando na calçada
Vou pedir ao senhor do tempo
Que por misericórdia venha
Transformar-me em vento
Assim aproximo-me de teu rosto
E beijo os lábios que queria
Ver sorrir para mim
Ao me dizer um simples bom dia!
De tanto pensar em você
Descobri-me completamente sem razão
Meu peito não aguenta mais esse coração
Ele bate acelerado só por te ver
Meus olhos ficam cegos
Meu andar é sem sentido
Transformo-me em um vulcão
E você, só você sabe qual é a razão
Eu daria tudo para ouvir a sua voz
Só mais uma vez
Ou ver que você me olha e sorri
Mas o que eu mais queria mesmo
Era estar aí junto a ti
E nunca mais me afastar
Nas minhas fantasias
Quando fecho os meus olhos
É nos teus braços que me encolho
É na tua boca que me entrego
Mas ao abrir os olhos
Só encontro o vazio
E nesse vazio você não existe
Só meu pensamento é que insiste
Em mantê-lo aqui presente
Nessa lembrança latejante
Nessa existência tão triste.

Quando chega a hora

O mais difícil de uma separação
Não é partir, juntar os cacos
E tentar se reconstruir
O mais difícil é saber que a hora chegou
Mas não se tem a certeza se é o certo
Existe uma dor enorme que rasga o peito
E consome todas as suas reservas
Na tentativa quase sufocante de seguir adiante
Não foi falta de afeto, carinho
Não foi nada...  E esse é o grande problema
Esse nada que chega devagar
E aos poucos vai tomando todo o espaço
Provocando dores em lugares
Que nem sabíamos que existia
Se resistimos somos guerreiros
Se caímos somos covardes
Ah! dor que me consome
E nem sequer me diz seu nome

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Queria...

Queria nunca tê-lo encontrado
Queria que nossos caminhos nunca tivessem se cruzado
Queria nunca ter ouvido sua voz
Queria esquecer que um dia olhei nos teus olhos
Queria ter forças suficientes para simplesmente
Arrancá-lo do meu coração
Queria ouvir música e cantar sem senti-lo em
Cada nota da canção
Queria acordar e não ter o teu rosto
Como minha primeira imagem do dia
Queria que você fosse apenas uma fumaça
Desvanecendo no ar
Mas meus quereres diferem da vontade
Daquele que deseja mostrar-me algo
Além de tudo que imagino e desejo
Eu quero, mas a vontade que brota
Muito além de um simples querer
Machuca e ao mesmo tempo liberta
Queria...
Tal como a imperfeição verbal
Que tem o desejo, mas não a certeza
De suas realizações futuras
Eu apenas queria...

Ernesto Cortazar - Moments of Solitude

terça-feira, 27 de setembro de 2011

O poder de uma gentileza

Estou construindo um pequeno loft, para onde pretendo me mudar o mais breve possível. Como toda construção é preciso ter muita paciência, jogo de cintura e saber falar com as pessoas.

As visitas às casas de material de construção são diárias, a escolha das peças, as cores, o que combina com o que. É preciso também saber negociar, o que confesso não sou muito boa, mas tenho conseguido alguns descontos e também tenho percebido o quanto somos roubados. São tantos impostos embutidos nas mercadorias que nem sequer imaginamos.

Outro dia, após efetuar uma compra, o vendedor me pediu para fazer a nota com um valor mais baixo para ele não precisar pagar imposto enquanto eu tinha que me contentar com míseros 5% de desconto.

Em outra loja, que visitei para fazer uma cotação de pisos, o atendimento foi tão bom que vou até pagar um pouco mais caro só por esse atendimento. Em compensação outra loja visitada o vendedor era tão ruim que fiquei me perguntando se ele estava no serviço certo.

Nesse corre, corre de uma loja para outra vou fazendo outra coisa que adoro: observar as pessoas. O jeito como elas atendem ou são atendidas, o tratamento que é dado de acordo com a roupa e o jeito do cliente, o sorriso ou a cara amarrada. As grosserias de alguns clientes diante de uma mercadoria que foi enviada errada, ou a gentileza na forma de tratamento diante do mesmo problema. Qual dos clientes recebeu melhor atendimento? Nem preciso responder...

Lidar com os profissionais da construção também não é uma coisa fácil. Com esses o jogo de cintura tem que ser algo como girar um bambolê sem deixá-lo cair no chão. Parece que falamos uma língua totalmente diferente, eu devo confessar que entendo de construção como entendo de motor de carro, ou seja, nada, mas estou aberta a ouvir as sugestões que eles dão. No entanto, quando eu peço alguma coisa que sei que é viável, eles me olham como se eu fosse alguma louca desvairada e o meu idioma é quase um grego. E, é claro que eles não fazem o que peço e é aí que a confusão começa, porque eu quero de um jeito e eles fazem de outro e fecham a cara quando peço para desmanchar e fazer de novo.

Ontem recebi uma visita indesejável na construção, tudo que havia comprado no período da tarde foi roubado à noite. Um desgaste emocional, mas graças a Deus só levaram coisas materiais, a violência não chegou até meus pais que estavam na casa no momento.

Tenho aprendido muito nessas últimas semanas, principalmente a controlar a minha impaciência e ansiedade. Aprendi também que a gentileza contribui muito mais que a arrogância. Um simples OBRIGADO no final de um dia de trabalho surte um bom efeito. É importante saber valorizar o trabalho do outro, respeitá-lo e tratá-lo com toda a dignidade que ele merece.

Minha futura casa será pequena, mas ficará linda, pois será meu refúgio, o lugar onde recarregarei minhas baterias. É lá que vou desenvolver meus projetos profissionais e pessoais e é lá que concentrarei todas as energias boas que me conduzem no meu dia a dia. Por isso, tudo que acontece nesse momento precisa vir cercado de bons pensamentos e boas energias.
Gentileza sempre e em qualquer situação!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Eu até que me esforço, pode acreditar
Leio, danço, dramatizo, pesquiso, desenho, escrevo...
Mas o universo é um moleque travesso.
Viro a esquina e você está lá na marca do carro
Ligo a TV e você aparece com um sorriso que adoro
Fico zapeando na internet e você acaba aparecendo.
Uma música toca no rádio e,
Não é que a voz é igualzinha a sua...
Visito um amigo e já na entrada dou de cara com você
Um outdoor no caminho me mostra algo que adoro em você
Diante de tanta insistência eu desisto,
Não vou conseguir te esquecer
Vou me juntar ao universo,
Talvez concordando com suas artimanhas,
Eu consiga me livrar das lembranças
E apagar minha memória e nossa história.
A distância poderia ter sido minha aliada,
Mas nem ela conseguiu essa façanha.
Não vou mais me angustiar, martirizar.
Vou curtir tudo isso e me desencanar
Também vou brincar com o universo
Vou jogar o seu jogo...
Assim, de repente, eu possa ganhar
E, quem sabe, você não se transforma em uma imagem
Que aos poucos vai desvanecendo
E eu de você vou me esquecendo...

Soneto

Vai minha tristeza seu tempo já acabou
Leve as lágrimas que meu rosto já lavou
Não te quero agora nesse novo tempo que começou
Meus dias serão de glória de alguém que sempre amou

Vai minha tristeza vai adormecer
Não te quero aqui quando o dia amanhecer
Não se preocupe nunca vou te esquecer
Pois foi você que meu deu motivos para crescer

Há uma nova canção cantando em mim
A certeza de que estou longe do fim
O sol como minha estrela brilha enfim

Todos os caminhos me trouxeram aqui
De volta no mesmo ponto que julguei partir
Recomeçando e não lamentando o que vivi
Não foi fácil dizer adeus
As palavras ficaram presas na garganta
Enquanto sufocava os prantos meus.
As lágrimas queimavam meu rosto
Retorcido pela angústia e empalidecido pela dor.
Só você sabe as dores do meu coração
São lamentos de uma paixão
São pedaços deixados pela desilusão
São marcas, são feridas
Saudade de um tempo que não tem volta
Foi difícil dizer adeus, mas foi mais difícil ainda
A certeza da necessidade desse adeus.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Colcha de retalhos...

Pedaços de tecidos em recortes desestruturados
Várias cores, texturas e formatos
Cada pedaço vai se unindo em pequenos pontos
Perfeitos no caminho que segue a costurar
Dias se passam e esses pequenos tecidos unidos
Vão construindo uma imagem ora interpretada
Ora desassociada de qualquer forma de interpretação
A face se distingue do anverso
De um lado formas compreendidas
Do outro um quase nada unido apenas
Pelos pontos muito perto da perfeição
De uma linha que prende, mas que pode
Facilmente se soltar, desprender
Ao final tenho uma colcha de retalhos
Aparentemente perfeita e bem construída
Mas que traz a fragilidade da linha que pode arrebentar
Caso não haja um olhar disposto a perscrutar
E muita sutileza no seu manejar.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Estranho

Outro dia, ali na esquina da vida
Deparei-me com um estranho
De olhos muito negros e boca forte
Apertou minha mão com segurança
Não desviou o olhar quando ao se apresentar
Perguntou meu nome e sorriu com os olhos
Minhas antenas ficaram em alerta
Mais um caso esquisito que sempre
Acontece comigo quando resolvo virar a esquina
Mas a figura estranha nem ligou para isso
Contou-me seu dia sem que eu o perguntasse
Revelou-me detalhes interessantes de
Um novo livro que acabará de ler
O estranho é que esse estranho
Não me deixou pensar ou analisar
Caminhou comigo por certo tempo
Em uma determinada esquina
Avisou-me que chegará aonde queria
Cumprimentou-me novamente
Depois se virou e seguiu enfrente
Deu alguns passos e me acenou com um sorriso
Fiquei parada ali a olhá-lo por um tempo
O estranho nem era tão estranho assim
Era o meu destino conduzindo-me
Para um novo caminho e tinha a certeza
Que me deixara no lugar certo
Eu sorri e pulando os quadrados
Que a pouco haviam sido formados
Juntei os pedaços espalhados
E os guardei em um delicado saco de cetim
Eram os seus versos torcendo por mim.

Soneto coração de mulher

Devia ser proibido maltratar o coração de uma mulher
Retirá-lo do seu peito e fazer dele o que bem quer
Brincar com seus desejos e fantasias e os manipular
Amá-la com sofreguidão e depois a abandonar

Você nem sabe as dores que causa no seu coração
Não lamenta as feridas abertas depois da paixão
É um sorriso falso esse que você lança
Depois se despede sem ao menos uma esperança

Devia ser proibido maltratar um coração sensível
Que sofre por não querer ser invisível
Que chora de verdade quando bate a saudade

Esse coração que pode parecer forte
Mas não chega nem perto de sua realidade
E que fica sempre abandonado a sua própria sorte

Contemplar...

Vem, senta comigo
O sol já vai se por
E não haverá outra hora como essa
Mira essas cores que aparecem no céu
Tons de rosa, laranja, vermelho, azul, branco
Veja como cada cor combina entre si
É como contemplar uma tela
Onde o artista escolhe as mais belas cores
As mistura e em grandes pinceladas
Dá-nos de presente essa beleza
Espere não vá embora
Ouça o silêncio que faz agora
A natureza busca seu descanso
O pássaro solta um canto manso
Esse dia se despede não haverá outro igual
Sente-se, relaxe, aproveite
Faça parte desse instante
Sinta-se parte integrante
Dessa pintura que aos poucos se desfaz
Depois pode partir... Vá em paz!

Quero voltar para casa

Quero voltar para casa
Retirar o tecido que recobre os móveis
Remover a poeira e as teias que se formaram
Quero correr descalça pela rua e dançar
Soltar os cabelos ao vento e voar
Subir e descer as ladeiras
Cumprimentar as velhas costureiras
Jogar bola com a molecada
Quero ouvir de novo as gargalhadas despreocupadas
Nas noites quentes e enluaradas
Quero voltar para casa
Descortinar o tempo e vislumbrar a esperança
Quero voltar e sorrir como no tempo de criança
Quero a chuva batendo em meu rosto
Pular na enxurrada e cantar com gosto
No silêncio da noite contemplar as estrelas
Ser seu brilho, sua centelha
Quero voltar para casa
Para o colo que acolhe
Para o abraço apertado
Quero voltar para casa
E simplesmente ser amado...

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Cântico

I
Você me esnoba, maltrata, ignora
Mal sabe minhas lágrimas
Que percorrem o caminho de
Minhas dores e angústias
Você se quer percebe o vazio
Que se forma quando ao
Fugir do mundo rumo
As fantasias criadas o
Que encontro é mais vazio

II
Mas não se engane se o
Lamento ora manifestado
Atravessa o espaço do tempo
E me segue noite adentro
Meu lamento dura apenas
Os minutos que dedico
As minhas fantasias e as
Manifesto de forma verbalizada
E ainda mais fantasiada

III
Não me arrependo de nenhuma palavra dita
Nenhum sentimento escancarado
Ao contrário foram ditos com
A minha verdade com aquilo
Que acredito e vivo
Meus sentimentos são meus
E jamais cobrarei ou pedirei
Algo que jamais se aproxime
Da minha forma de viver

IV
Os sentimentos externados
Em um momento de profunda
Dor e angústia ainda existem
Aqui dentro de mim
Mas agora de forma leve, suave e livre
Tenho consciência de
Que jamais sentirá o mesmo
Sou pra você apenas um rosto
Povoando as horas vazias
De tuas fantasias
Você é apenas você

V
E eu sigo enfrente
Rumo a um novo caminho
Meus sentimentos seguiram seu destino
E outros sentimentos virão
Assim como novas manifestações
De desejosas paixões
Você ficará guardado bem no fundo
Da caixa de minhas memórias
Como velhas fotografias de tempos idos
Margeadas pela saudade e
Deitadas na maciez dos meus
Desejos que sempre existirão por você
Você é o espelho que reflete
Minha alma exaurida, fatigada
Mas que me dá prazer
O prazer de gostar de quem sou
Só de pensar em você.

É uma luta inglória essa que travo
Entre a razão e o coração
A razão manda te esquecer
O coração diz que só existe você

Desfecho...

Quando está porta se fechar
Não será difícil dizer adeus
Os bons tempos já foram embora
Ficou saudade, lembranças
Não haverá adeus a ser dado
Não existem mais palavras
Todas se perderam quando a ausência
Tornou-se muito mais presente
Um dia o amor bateu à porta
E eu a abri... E ela ficou ali
Escancarada durante todo tempo
A passagem sempre esteve livre
Todos os objetos foram retirados
Nenhum obstáculo foi deixado
Por tanto tempo fiquei ali
A espera que você cruzasse o portal
E entrasse com a certeza do que
Eu tinha a lhe oferecer
Por anos a fio o alimentei com amor
Retirei de mim e dei tudo a você
A porta nunca foi cruzada
O que imaginei nunca acabar
Agora se encontra totalmente vazio
Suas palavras não chegam aos meus ouvidos
Seu rosto perdeu a forma
Vou fechar essa porta
Se ela será reaberta
Só o tempo poderá dizer
A única coisa que sei agora
É que não há mais dificuldade em te esquecer.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Migalhas

Todos os dias sinto uma dor
Que chega até os ossos
Acordo e adormeço com a sensação
De que nunca existi para você
Acostumei-me com tão pouco
Que as migalhas recebidas
Eram como gotas de orvalho da manhã
Saciando a minha sede do dia
Poucas palavras ditas ao acaso
Eram para mim verdadeiras declarações
Eu as interpretava como arroubos de paixão
Um simples oi era como um bom dia completo
Quando a ausência tornou-se mais forte
E meus dias e noites eram você percebi que
Havia costurado na bainha da minha alma
A sua imagem e a carregava comigo
Ignorando os sinais insistentes de minha consciência
Vivia aquela enchente de paixão
Encontrei-me tão encharcada e largada
Que o que vi não era um corpo
Mas um amontoado sem sentido, sem nada
Alimentando-me de suposições e fantasias
Agarrando-me a uma linha tão fina
Que ao arrebentar me soltou no ar
E como pluma ao vento simplesmente vaguei
Sei que vai levar um tempo
Para reconstruir o que foi transformado em cacos
Aprendi que algumas migalhas jamais poderão
Ser transformadas em um novo pão
Mas sei que também nada que vivi foi em vão
Nesse tempo que me pareceu séculos
Pude perceber que o que senti foi tão forte
Que jamais será esquecido, mas sim adormecido.

domingo, 28 de agosto de 2011

Sentido da vida

Que sentido tem a vida se não posso arriscar-me
A fazer o que me cobra o coração
Se fosse ouvir apenas a razão
Seria uma árvore seca no outono
E verde na primavera
Cumprindo apenas as obrigações de quem espera
Que vantagem tem cercar-me de boa educação
Se quando preciso explodir cobram-me a falta de tal educação
Que se danem os bons, os hipócritas e certinhos
Estou longe de ser uma figura de bons exemplos
Prefiro correr riscos e ser feliz por momentos
Do que abaixar-me a vileza escondida dos cretinos
Que vestem-se de máscaras durante o dia
Mas o espelho à noite revela a feiúra de uma alma escondida
Que privilegia as falsas pedras e os cortes encarnados
Do tecido que recobre a pele fingida de uma vida vazia
Tenho meus caminhos a escolher
Pedras a recolher para me encontrar e conhecer
Que se danem os que me vêem apenas com olhos materiais
Pois que sou cristal de pureza infinita
Posso até me quebrar ao cair
Mas cada caco reconstruído é uma nova forma
Cuja beleza estará sempre presente nessa vida
Repleta de sentido indefinível e indescritível.

Sentimento

Um dia por você me apaixonei
Senti no corpo os tremores e as dores
Nunca me arrependi, mas chorei
Chorei as faltas
Chorei as palavras não ditas
Os beijos que nunca foram dados
Adormeci aos pés de Apolo
Na adoração primeira de uma fantasia
Que jurava um dia ver realizada
Mas esse deus nunca ouviu minhas preces
Brincou com meus sentimentos
Mandou seus filhos ao meu encontro
Maltratando meus dias com suas estripulias
Vago agora por essa nuvem sem forma e cor
Lá embaixo apenas figuras disformes
Da realidade apenas a grande saudade
De me ter permitido um dia soltar as amarras
Alçado o vôo que sabia perigoso
Mas por um tempo foi tranquilo
E iludir-me com tão pouco
Mostrou-me que existem consequências
Para atos não pensados, pouco considerados
Um dia por você me apaixonei
Mas o sonho se desfez e então acordei.

Descoberta

Esse vazio que toma conta de todo meu ser
Diz-me que alguma coisa aconteceu
E que não posso mais ficar onde estou
Existe um caminho a percorrer
Não posso mais alegar desculpas
Para minhas indecisões
Cada rasgo em minha pele
É uma ferida aberta buscando remédio
E esse remédio às vezes tem gosto amargo
Quando esse dia chegar ao fim
E quando os últimos raios
Desaparecerem no infinito
Compreenderei que foi necessário perder
Chegar ao mais profundo do meu ser
Para então me redescobrir
Arrancar o último pedaço de pele
E seguir enfrente não negando jamais
Quem sou e o que acredito e desejo.


Passarinho

Voe passarinho...
Você nunca quis fazer um ninho
Sempre houve algo muito maior
Seus sonhos e desejos você sempre os realizou
Nunca se importou com opiniões pequenas
E sempre se apaixonou
Você tinha na boca as palavras certas,
Fortes, conscientes e belas
Você importava-se com sua gente
Voe passarinho...
Nesse céu de amor em que você repousa agora
Sempre será aurora
Sua luz será a mais bela estrela
Que irá brilhar por nós
Nunca nos esqueceremos de sua voz
Voe passarinho...
Você nunca quis fazer um ninho

domingo, 21 de agosto de 2011

Apenas um dia

Você chegou de mansinho
Recebeu-me com carinho
Junto ao teu belo sorriso
Ofereceu-me uma taça de vinho
Embriagado por teus encantos
Fui sorvendo cada gota e sem perceber
Por você fui me apaixonando
Bebi de teus beijos doces
Alimentei-me de tua carne tenra e macia
Cada gesto seu era encantador
Adormeci em teus braços exausto de amor
A noite se foi e acordei para o dia
Apenas um bilhete encontrei na cama vazia
A beleza se encontra na fantasia
De realizar os mais secretos desejos
E depois evolar com a noite fria
Sem rastros para me encontrar
Foi apenas uma noite
Sem a intenção de mais um dia.

Chorar baixinho

Quando bate a saudade e a vontade
São as teclas do telefone apertar
Para sua doce voz escutar
Ouço outro som em minha cabeça
A voz rouca e em tom de ameaça
Que me chama a realidade
E me diz que pra nós dois
Já não existe mais esperança
Minha voz oculta não me dá permissão
Tão pouco amolece
Diante dos desejos do meu coração
Insisto querendo dar vazão
Aos delírios do que sinto e quero
Mas sei que será mais um engano
O jeito é abandonar esse desejo insano
Entender que agora estou sozinho
E me permitir chorar baixinho.

Fênix

E então ela ergueu-se das cinzas
Abriu suas belas asas
Alçou vôo e seguiu
Rumo ao seu destino...

Lamento de separação

Estou aqui no cume dessa montanha
Lá embaixo as ondas se quebram nas rochas
O vento como companheiro vem ao meu encontro
Seu toque é como se fossem suas mãos
A acariciar minha pele e brincar com meus cabelos
Existe um oceano a nos separar
O som que vem das ondas
É o lamento dessa separação
Aqui, tendo apenas essas rochas
Sob meus pés enraizados
Sei que não tenho forças para ir adiante
Liberar minhas asas e voar ao seu encontro
Não é apenas esse oceano que nos separa
Mas nossas vidas com suas particularidades
Um universo dentro de outro
Desejo e saudade não são suficientes
Somos duas estrelas separadas
Por anos luz de distância
Mas o vento e as ondas não se importam
Tentam com sua força manter acesa
Essa pequena chama que não se apaga
Eu estou aqui embalada pelas ondas e pelo vento
No solitário vazio do tempo...

Projeto: Poema Encaixado







Mãos...

Macias e delicadas

Marcadas e calejadas

Que acariciam...Tocam

Mãos que afagam


Mãos que embalam

Que prendem... Libertam

Que se unem em oração

Que secam a lágrima de uma paixão

Mãos que se abrem ao vento

Mãos...

Paz, enfim...

E assim chegamos ao fim

Dessa história que aos poucos levou você de mim

Quantas vezes tentei te buscar

Quantas vezes tive que recuar

Se o presente me cobra as respostas de ontem

Foi por que em algum lugar

Na ânsia louca de te encontrar

Não soube a forma certa de me manifestar

Amanhã quando outro dia nascer

E mais uma árvore florescer

Lembrarei que é preciso te esquecer

Para que eu possa voltar a viver

Longe da morte dos desejos em mim

Pois que são meus e não quero o seu fim

Vou encontrar a minha paz enfim...

Erotismo

O sol já desponta ao longe

Meus olhos preguiçosos recusam-se a abrir

Quero me largar, voltar a dormir

Na noite passada você esteve em meus sonhos

Meu corpo dá sinais que não foram sonhos singelos

Minhas mãos percorrem meu corpo como se fossem as suas

E me descubro totalmente nua

As fantasias já começam a se formar

Sinto o seu cheiro como se você estivesse aqui

Ao meu lado pronto para me amar

Dou vazão aos meus desejos

Uma música começa a soar nos meus ouvidos

É o som que sempre gosto de ouvir

Sinto cada pedaço de pele, macia desejosa

Direciono minhas mãos

Já não posso mais esperar

O corpo todo retorce, contorce

É desejo, é paixão

E em segundos, como um vulcão,

Ele se liberta em uma explosão

Depois tudo volta à calma e serenidade

O corpo relaxado se deixa rolar para o lado

Adormece...

Sim, mas...

Sim, mas e agora

O vento lá fora já foi embora

Meu pequeno amuleto em forma de espora

Desapareceu depois que cai no sono da hora

Meu peito apertado, chora, implora

A noite se vai, renasce a aurora

Meu amor virou cinzas de outrora

Sim, mas e agora

Deixas-me ou apenas me ignora...

Deixar Partir

Resolvi deixar você partir
Decisão difícil, mas necessária.
Ao entrar nesse quarto recheado de memórias
Fui ao chão como quem se transporta para outro tempo,
Momentos e sensações foram pontuando meu espaço,
Lágrimas de tristeza e alegria rolaram pela minha face.
As viagens no tempo têm esse poder mágico
De me levar a lugares e situações que jamais esquecerei.
As cicatrizes estavam ali mostrando que houveram brigas,
Palavras não ditas e silêncio cortante.
As travessuras simples e ingênuas
Também circularam por minha memória,
Como criança que sorri ao brincar na poça d’água
Lambuzei de doce os meus doces sonhos e desejos.
Tudo agora passa muito rápido e já não o vejo
Precisei deixar você partir para me erguer novamente.
Não o buscarei, nem o verei mais enquanto forma
Será apenas a lembrança, a saudade, a fantasia descomplicada.
Há momentos que é necessário cortar a linha invisível do sentimento
Deixar partir, libertar o que já não é mais possível sentir.
E um dia, quando o tempo na sua eterna sabedoria
Dar ao vento as palavras certas para me serem entregues,
Saberei que valeu apena o amor libertar
Para que em um novo momento eu seja capaz de amar.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Autoretrato


O papel vai revelando
O que nem sequer sabia existir
Os pontos vão se multiplicando
E em segundos uma imagem revelando
Os traços iniciais quase disformes
Tomam forma de um corpo
Que eu não conheço
Ele parece ser tão antigo
Que quase não o reconheço
Mas ele me pertence
Maltratado, amargurado... Um trapo
A luz revela a alma
Por isso não reconheço o corpo
Os olhos não têm o brilho de ontem
Os lábios não se abrem em um sorriso
De lado essa massa de pele e ossos
Curva-se rumo ao chão
O preto toma conta dessa escuridão
Na foto revelada apenas uma
Alma cansada da espera
E da angústia do desencontro
Esse autoretrato revela apenas
Uma alma esquecida
Do que um dia esperou da vida.






quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O recomeço é sempre muito difícil
Sinto-me como a uma lagarta
Vou rastejando entre galhos e folhas
Começo a preparar meu casulo
Nesse tempo que ignoro a passagem
Sobrará apenas a necessidade de me recriar
Encolho-me quase a um feto
Debruçada por sobre meus delírios
De um sofrimento que jamais
Imaginei sentir e nunca desejei viver
Agarrada a uma fina linha de sustentação
Consigo ver apenas uma sombra
O consolo vem de sons que ao longe
Repercutem o que nunca quis ouvir
Vou regurgitando e remoendo
Os restos do que sobrou
Ainda é um escuro que padece de solidão
Mas apiedada de mim
Virá uma luz que mesmo exígua
Poderá salvar minha alma
Já sinto meu casulo se fechando
Já sinto meu corpo se reconstruindo
Levará o tempo necessário para se curar
Nessa viagem sem volta
Permitirei-me apenas esperar.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A dor da alma é a pior dor que existe
É como uma navalha que dilacera a carne
Rasga cada pedaço de pele e deixa a mostra
O mais profundo sofrimento
A angústia que acompanha essa dor
Sufoca e não há ar que alivia o desespero
De buscar e não conseguir respirar
Faltam forças para me locomover
O chão desaparece e tudo fica solto no espaço
A vontade é de soltar o grito que ecoa por dentro
Mas por mais que você grite não existe voz
Não existe som é um vazio absoluto
O escuro toma conta de tudo e a luz desaparece
A dor da alma acaba com todas as reservas de energia
Que te auxiliam no exaustivo exercício de caminhar
Caminhar para nenhum lugar
Sinto-me como um saco vazio abandonado ao chão
Tudo foi retirado e vomitado
Estou seca como uma árvore no fim do verão
Que busca nas profundezas água para
Quem sabe libertar-me da solidão
Mas é sal que encontro e abre ainda mais as feridas
A dor maltrata como vilã de um filme de terror
Onde vivo a protagonista dos erros que eu mesma
Infligi-me onde maltratei os fantasmas de outrora
Na ingenuidade de pensá-los esquecidos e adormecidos
Mas não existe esquecimento no brotar da aurora
Todos os vestígios do dia de ontem se acumulam
E se regeneram agora como monstro travestido de dor
Que me devora quebrando todos os ossos
Não sobrou nada apenas um espectro
Que o tempo poderá varrer como poeira
Ou terá piedade e transmutará em outro ser.

E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...