quarta-feira, 9 de maio de 2012


A madrugada silenciosa
Me abraça com tanta força
Que chego a sufocar
Já perdi a noção do tempo
O relógio parece adormecido no canto
Abro a janela na esperança de respirar
O frio chega com a brisa que sopra
Retraio os músculos, mas permaneço ali
Aberta à solidão da noite
O Céu de estrelas é um emaranhado de desenhos
Ali, perdida em minhas memórias,
Uno cada estrela e crio meus movimentos
Alguns sons se aproximam
Sussurrando que não há solidão completa
Que há vida nessa inconstância
Nessa existência quase vazia de sentimentos
Sinto o cheiro do dia que chega lentamente
Fecho a janela, me recomponho
Recomeço... Porque tudo é um eterno recomeço
A noite se esvai e com ela meu ontem
Partido, quebrado, remoído...
Outro dia...
Mais um dia!



Final de outono
Assim como as árvores
Sinto-me também quase sem folhas
Volto no tempo na fantasiosa esperança
De encontrar a tão desejada solução
Para aliviar de vez essa angustia
Que insiste em manter-se atada ao meu coração
Houve dias em que o sorriso farto
Deu luz a meus olhos cansados, 
Iluminando as marcas de minha face
Houve dias em que lágrimas correram 
E não as sequei, deixei-as assim
Foram elas que lavaram a poeira das dúvidas...
Desilusões... Fantasias... Tristezas... Alegrias...
Com elas cantei aos quatro cantos a felicidade momentânea
Festejei as migalhas que tão pouco me alimentara
As noites insones foram palco para longas
Colchas de palavras tecidas na mais profunda solidão
E aconchegada a essa colcha
Dou-me o direito de sair de meu corpo
Enquanto o visualizo velho e cansado
Por trás de sorrisos e esperanças
Apenas um ponto de luz na escuridão
Que abraçou com cuidado esse pequeno coração
O retorno no tempo não dá mostras de solução
Tão pouco garante a coragem de desistir
Daquilo que não passou de devaneios
Flashes de pequenos desejos de
Uma felicidade nunca materializada
O frio que se aproxima congela
Minhas forças e retém meus passos
Descuidar-me agora em que me encontro tão frágil
Apenas me lançará ao mais profundo poço
Não de lamentos ou sofrimento
Apenas à solidão que sentada em sua grande poltrona
Observa quieta e tranquila minha desesperada luta
Ela sabe que o esforço é em vão
O botão deverá ser apertado
Cabe a mim tocá-lo,
Mas quando?

E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...