quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Cântico

I
Você me esnoba, maltrata, ignora
Mal sabe minhas lágrimas
Que percorrem o caminho de
Minhas dores e angústias
Você se quer percebe o vazio
Que se forma quando ao
Fugir do mundo rumo
As fantasias criadas o
Que encontro é mais vazio

II
Mas não se engane se o
Lamento ora manifestado
Atravessa o espaço do tempo
E me segue noite adentro
Meu lamento dura apenas
Os minutos que dedico
As minhas fantasias e as
Manifesto de forma verbalizada
E ainda mais fantasiada

III
Não me arrependo de nenhuma palavra dita
Nenhum sentimento escancarado
Ao contrário foram ditos com
A minha verdade com aquilo
Que acredito e vivo
Meus sentimentos são meus
E jamais cobrarei ou pedirei
Algo que jamais se aproxime
Da minha forma de viver

IV
Os sentimentos externados
Em um momento de profunda
Dor e angústia ainda existem
Aqui dentro de mim
Mas agora de forma leve, suave e livre
Tenho consciência de
Que jamais sentirá o mesmo
Sou pra você apenas um rosto
Povoando as horas vazias
De tuas fantasias
Você é apenas você

V
E eu sigo enfrente
Rumo a um novo caminho
Meus sentimentos seguiram seu destino
E outros sentimentos virão
Assim como novas manifestações
De desejosas paixões
Você ficará guardado bem no fundo
Da caixa de minhas memórias
Como velhas fotografias de tempos idos
Margeadas pela saudade e
Deitadas na maciez dos meus
Desejos que sempre existirão por você
Você é o espelho que reflete
Minha alma exaurida, fatigada
Mas que me dá prazer
O prazer de gostar de quem sou
Só de pensar em você.

É uma luta inglória essa que travo
Entre a razão e o coração
A razão manda te esquecer
O coração diz que só existe você

Desfecho...

Quando está porta se fechar
Não será difícil dizer adeus
Os bons tempos já foram embora
Ficou saudade, lembranças
Não haverá adeus a ser dado
Não existem mais palavras
Todas se perderam quando a ausência
Tornou-se muito mais presente
Um dia o amor bateu à porta
E eu a abri... E ela ficou ali
Escancarada durante todo tempo
A passagem sempre esteve livre
Todos os objetos foram retirados
Nenhum obstáculo foi deixado
Por tanto tempo fiquei ali
A espera que você cruzasse o portal
E entrasse com a certeza do que
Eu tinha a lhe oferecer
Por anos a fio o alimentei com amor
Retirei de mim e dei tudo a você
A porta nunca foi cruzada
O que imaginei nunca acabar
Agora se encontra totalmente vazio
Suas palavras não chegam aos meus ouvidos
Seu rosto perdeu a forma
Vou fechar essa porta
Se ela será reaberta
Só o tempo poderá dizer
A única coisa que sei agora
É que não há mais dificuldade em te esquecer.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Migalhas

Todos os dias sinto uma dor
Que chega até os ossos
Acordo e adormeço com a sensação
De que nunca existi para você
Acostumei-me com tão pouco
Que as migalhas recebidas
Eram como gotas de orvalho da manhã
Saciando a minha sede do dia
Poucas palavras ditas ao acaso
Eram para mim verdadeiras declarações
Eu as interpretava como arroubos de paixão
Um simples oi era como um bom dia completo
Quando a ausência tornou-se mais forte
E meus dias e noites eram você percebi que
Havia costurado na bainha da minha alma
A sua imagem e a carregava comigo
Ignorando os sinais insistentes de minha consciência
Vivia aquela enchente de paixão
Encontrei-me tão encharcada e largada
Que o que vi não era um corpo
Mas um amontoado sem sentido, sem nada
Alimentando-me de suposições e fantasias
Agarrando-me a uma linha tão fina
Que ao arrebentar me soltou no ar
E como pluma ao vento simplesmente vaguei
Sei que vai levar um tempo
Para reconstruir o que foi transformado em cacos
Aprendi que algumas migalhas jamais poderão
Ser transformadas em um novo pão
Mas sei que também nada que vivi foi em vão
Nesse tempo que me pareceu séculos
Pude perceber que o que senti foi tão forte
Que jamais será esquecido, mas sim adormecido.

domingo, 28 de agosto de 2011

Sentido da vida

Que sentido tem a vida se não posso arriscar-me
A fazer o que me cobra o coração
Se fosse ouvir apenas a razão
Seria uma árvore seca no outono
E verde na primavera
Cumprindo apenas as obrigações de quem espera
Que vantagem tem cercar-me de boa educação
Se quando preciso explodir cobram-me a falta de tal educação
Que se danem os bons, os hipócritas e certinhos
Estou longe de ser uma figura de bons exemplos
Prefiro correr riscos e ser feliz por momentos
Do que abaixar-me a vileza escondida dos cretinos
Que vestem-se de máscaras durante o dia
Mas o espelho à noite revela a feiúra de uma alma escondida
Que privilegia as falsas pedras e os cortes encarnados
Do tecido que recobre a pele fingida de uma vida vazia
Tenho meus caminhos a escolher
Pedras a recolher para me encontrar e conhecer
Que se danem os que me vêem apenas com olhos materiais
Pois que sou cristal de pureza infinita
Posso até me quebrar ao cair
Mas cada caco reconstruído é uma nova forma
Cuja beleza estará sempre presente nessa vida
Repleta de sentido indefinível e indescritível.

Sentimento

Um dia por você me apaixonei
Senti no corpo os tremores e as dores
Nunca me arrependi, mas chorei
Chorei as faltas
Chorei as palavras não ditas
Os beijos que nunca foram dados
Adormeci aos pés de Apolo
Na adoração primeira de uma fantasia
Que jurava um dia ver realizada
Mas esse deus nunca ouviu minhas preces
Brincou com meus sentimentos
Mandou seus filhos ao meu encontro
Maltratando meus dias com suas estripulias
Vago agora por essa nuvem sem forma e cor
Lá embaixo apenas figuras disformes
Da realidade apenas a grande saudade
De me ter permitido um dia soltar as amarras
Alçado o vôo que sabia perigoso
Mas por um tempo foi tranquilo
E iludir-me com tão pouco
Mostrou-me que existem consequências
Para atos não pensados, pouco considerados
Um dia por você me apaixonei
Mas o sonho se desfez e então acordei.

Descoberta

Esse vazio que toma conta de todo meu ser
Diz-me que alguma coisa aconteceu
E que não posso mais ficar onde estou
Existe um caminho a percorrer
Não posso mais alegar desculpas
Para minhas indecisões
Cada rasgo em minha pele
É uma ferida aberta buscando remédio
E esse remédio às vezes tem gosto amargo
Quando esse dia chegar ao fim
E quando os últimos raios
Desaparecerem no infinito
Compreenderei que foi necessário perder
Chegar ao mais profundo do meu ser
Para então me redescobrir
Arrancar o último pedaço de pele
E seguir enfrente não negando jamais
Quem sou e o que acredito e desejo.


Passarinho

Voe passarinho...
Você nunca quis fazer um ninho
Sempre houve algo muito maior
Seus sonhos e desejos você sempre os realizou
Nunca se importou com opiniões pequenas
E sempre se apaixonou
Você tinha na boca as palavras certas,
Fortes, conscientes e belas
Você importava-se com sua gente
Voe passarinho...
Nesse céu de amor em que você repousa agora
Sempre será aurora
Sua luz será a mais bela estrela
Que irá brilhar por nós
Nunca nos esqueceremos de sua voz
Voe passarinho...
Você nunca quis fazer um ninho

E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...