Todos os dias sinto uma dor
Que chega até os ossos
Acordo e adormeço com a sensação
De que nunca existi para você
Acostumei-me com tão pouco
Que as migalhas recebidas
Eram como gotas de orvalho da manhã
Saciando a minha sede do dia
Poucas palavras ditas ao acaso
Eram para mim verdadeiras declarações
Eu as interpretava como arroubos de paixão
Um simples oi era como um bom dia completo
Quando a ausência tornou-se mais forte
E meus dias e noites eram você percebi que
Havia costurado na bainha da minha alma
A sua imagem e a carregava comigo
Ignorando os sinais insistentes de minha consciência
Vivia aquela enchente de paixão
Encontrei-me tão encharcada e largada
Que o que vi não era um corpo
Mas um amontoado sem sentido, sem nada
Alimentando-me de suposições e fantasias
Agarrando-me a uma linha tão fina
Que ao arrebentar me soltou no ar
E como pluma ao vento simplesmente vaguei
Sei que vai levar um tempo
Para reconstruir o que foi transformado em cacos
Aprendi que algumas migalhas jamais poderão
Ser transformadas em um novo pão
Mas sei que também nada que vivi foi em vão
Nesse tempo que me pareceu séculos
Pude perceber que o que senti foi tão forte
Que jamais será esquecido, mas sim adormecido.
Todos os poemas e crônicas apresentados nesse blog, salvo algumas excessões, são de autoria de JACQUELINE BATISTA. Os que não pertencem a essa autora recebem seus devidos créditos... LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998.
terça-feira, 30 de agosto de 2011
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