quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016



Foto: Mauro Marques


A única imagem que quero levar comigo
Quando da minha morte
É esse reflexo no espelho
Esse olhar profundo
Que demorou tanto à ser sustentado
É essa imagem sem cortes
Sem manipulação
Apenas a crueza de
Se permitir pela primeira vez
Olhar sem julgamento
Sem cobrança
Olhar com ternura
O que nunca se permitiu ver
Aceitar-se... perdoar-se...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Não é insônia apenas desassossego
Que chega feito raposa acobertada pela campina
É esse ardor no peito que faz a alma chorar
Choro embebido de incerteza      
Que bate com chicote e não perdoa
Não quero lágrima lavando rosto
Quero riso escancarado
Mas é na madrugada, na solidão sufocada
Que sou corpo e alma arrebentada
E choro esse choro que fica represado
E na escuridão da noite  
Sou apenas mais um do mundo escondido
Quero gritar com todas as forças
Mas sou apenas sussurro
E a noite lambendo meu rosto
Sopra lentamente em meus ouvidos
Sons que deveriam ser esquecidos

domingo, 7 de fevereiro de 2016




Sorrir...
A forma primeira de sustentar a vida
De seguir em frente na sua jornada
Sorrir...
Amenizar o que faz sofrer e tranquilizar a alma
Sorrir...
A chave que aferrolha o que se fez saudade
Sorrir...
Despir-se e banhar-se de luar
Deixar essa luz te lambuzar 
Sorrir...
E ainda que a barragem ameace romper
Sorrir...
A noite não dura para sempre
Há sol no alvorecer
É só se permitir ver
Sorrir...
                 

E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...