segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Nessa vastidão de imensas dores e angústias
A revelação de um corpo alquebrado
Pelas lembranças de um passado
Cheio de confissões e segredos
Nas ruas de pedras da memória,
Empoeiradas pelo tempo,
Vejo-me gasta como uma peça rota
De roupa que não quer mais ser usada
Mas que se acomodou ao corpo
E dele não quer se desfazer
As algemas do medo insistem
Em manter-se atadas
Limitando meus desejos,
Bloqueando minha ânsia pelo fazer
E a minha enorme necessidade de viver.
Acordei com muita disposição
Abri as gavetas, revirei as caixas
Dos armários fui retirando tudo
Não sobrou nada guardado ou escondido
Separei o que me agradava
Peças comprometidas pelo tempo
Não vacilei, mandei embora
Joguei tudo fora...
Amontoados de coisas velhas e sem uso
Vi crescer em determinados cantos
Em meio a tudo isso me vi
Nas cores escuras de algumas roupas
A silueta de alguém que passou um bom tempo nas sombras
As solas gastas dos sapatos
Lembraram-me que muito caminhei
E entre um obstáculo e outro não desisti
Sacos cheios de histórias
Caixas repletas de sentimentos e lembranças
No quarto cheio de memórias
Um pequeno objeto e sua luz intermitente
E nas suas pequenas interrupções
A necessidade de recomeçar sempre
Construir, se permitir, evoluir
Esse objeto de tantas formas
Chama-se vida... A minha vida.




E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...