“Dia de luz,
festa de sol e o barquinho a deslizar no macio azul do mar...”* Hoje não havia
mar e nem barquinho velejando ao longe, mas a manhã trouxe um céu azul e um sol
brilhantes. Fui despertada por pássaros e meu primeiro café da manhã em minha
nova casa tinha uma xícara fumegante de café com leite, pão crocante e
quentinho com manteiga, frutas e um queijo tão macio que derretia na boca.
Acompanhada de boa música e entre um quitute e outro me deixei levar em
devaneios do meu futuro.
Depois de um
tempo saboreando meu café da manhã fui às compras. Primeira parada feira livre,
um dos lugares mais interessantes para se começar o dia. Tendas coloridas,
pessoas num vai e vem constantes, disputa entre vendedores para atrair a
clientela. Algumas pessoas são clientes tão antigos que já se criou uma relação
quase que familiar entre eles. As senhorinhas estão lá escolhendo os melhores
produtos para o almoço do domingo, perguntam se tal produto foi colhido no dia,
pechincham e entre um sorriso e outro, uma compra e outra os carrinhos e as
sacolas, ecologicamente corretas, vão enchendo.
Escolher cada
produto, sentir o cheiro doce ou cítrico das frutas, a crocância das folhas que
foram colhidas bem antes do sol nascer, tudo fresco e delicioso. Conversar com
desconhecidos, ganhar uma receita de um prato que nem sei se algum dia terei a
competência de cozê-lo. Tudo isso é para
mim sempre uma oportunidade de aprender e crescer. Passar um tempo ali é um
privilégio para quem tem sensibilidade suficiente de descobrir na simplicidade
a beleza de cada indivíduo.
Saindo da
feira fui ao supermercado, geladeira e dispensa totalmente
vazias. Como estou voltando para meu antigo endereço, acabei reencontrando
velhos conhecidos e colocando o papo em dia. Uma compra que não deveria durar
mais que 20 minutos, acabou se estendendo um pouco mais, mas foi muito bom.
De volta para
casa, hora de colocar tudo no lugar e aproveitar meu momento de inspiração para
preparar um belo almoço. Primeiro passo abrir uma garrafa de vinho, porque é
preciso estar muito bem acompanhada para produzir bons pratos. Decidi por coxa
e contra coxa de frango temperadas com sal, pimenta, alho, azeite, limão,
tomilho e alecrim e um pouco de manteiga para dar brilho à carne, batata souté,
brócolis refogado no azeite de alho e salada de abobrinha menina e jiló (que eu
ADORO). Enquanto preparava meu almoço recebi a visita de minha irmã e de alguns
tios, outra garrafa de vinho foi necessária e enquanto o almoço estava sendo
preparado fui apresentar meu novo lar. Como o espaço é muito pequeno não
demorou muito e já estávamos sentados à mesa da varanda (que é maior que a
casa) batendo papo. Eu adoro ouvir histórias dos meus parentes que já se foram, por mim passaria horas ouvindo as histórias e descobrindo um pouco mais de mim.
Claro que meu
almoço foi um sucesso (rs...) e como não poderia faltar à sobremesa servi
sorvete de pistache com calda de morango. Entre uma lembrança e outra as horas
foram se passando e acabei me dando conta do quanto eu sentia falta disso.
Passei tanto tempo sozinha que já havia me esquecido de como é bom estar com
muita gente.
Um filme
(Sociedade dos poetas mortos, que já vi não sei quantas vezes) encerrou meu dia
e uma fala da personagem vivida por Robin Williams completou meu momento de
inspiração “Não lemos e nem escrevemos poesia porque é bonitinho. Lemos e
escrevemos poesia porque somos seres humanos. A raça humana está repleta de
paixão... poesia, beleza, romance, amor é para isso que vivemos...”
Não sei como
viver diferente, minhas emoções, minhas paixões são o sustento da minha alma.
Alma essa que se recusa a ser normal, que chora, ri, ama e não desisti mesmo
que leve um tombo aqui outro ali. E o meu barquinho vai navegando nas águas ora
calma, ora turbulentas da vida.
* trecho da
música “O Barquinho” de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli
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