segunda-feira, 16 de julho de 2012


Bela vê a vida pela fresta do portão.
Tudo que vem aos teus olhos
Vem pela metade, com imagens cortadas,
Mas não pense que Bela sofre de solidão
Ao contrário, ela sorri para os pés que transitam pela calçada.
Às vezes, Bela dança com uma desenvoltura invejável
Quando o sol torna-se desagradável, Bela nem dá bola
Dá uma olhada de desdém, vira-se e se recosta com ar de bela dama.
Com olhos lânguidos e corpo relaxado põe-se a dormir
Ao entardecer Bela se levanta, se recompõe e dirige-se ao portão,
Ela sabe que haverá passos rápidos num vai e vem frenético
De carros, ônibus, bicicletas e os seus, preferidos, pés.
Eles são de variadas cores, alguns altos, outros baixos
Alguns correm, outros caminham e outros param...
Bela não liga para os rostos, não se importa com eles,
Bela é fascinada com essas formas estranhas.
Alguns amigos param, olham no seu único olho,
Resmungam alguma coisa e vão embora.
Bela não é tímida e é muito educada
Deitada, olhando pela fresta do portão,
Bela compõe seu mundo nas fantasias que povoam
E alimentam seu canino coração.
Bela vê a vida pela fresta do portão... 

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