terça-feira, 7 de maio de 2013

A dama que espera

Nessas manhãs de outono que o azul domina o céu
No fulgurante brilho da existência
Recorro aos ensinamentos do passado distante
Vasculhando gavetas de lembranças
Descalçando os pés e despindo-me do ontem
Vou deslizando pelo assoalho de sentimentos
Encerados por lágrimas e risos
Brincando nesse parque de emoções
Sob o olhar da bela dama que me observa
Na sua enigmática figura acomodada
Na espera que não lhe aflige
Conto os dias em forma de horas
Discorro ao vento as histórias passadas
Retardo o tempo com a ilusão de memórias
Busco a criança que brincava solta
Correndo no campo de gramas novas
Alimentando-me dos brotos das sementes
Ontem lançadas e esquecidas
Olho em volta e tento materializar os sonhos
Desperdiçados por medos tolos
E o olhar da senhora segue meus passos
Silenciosa e sem alarde
Ela me assusta e ao mesmo tempo me liberta
Chegou meu tempo?
Acabou minha história?
Apenas um rasgo no universo
Levando na cauda da poeira que brilha
Um rosto de formas mil
E um corpo que já não arqueja
Flutua na busca de outros tempos
Na certeza de outras histórias


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