domingo, 2 de janeiro de 2011

Uma folha em branco...

Uma folha em branco.

Vazia e estupidamente branca.

Olho pra ela e não vejo nada,

Ao mesmo tempo parece passar por ela

Todas as minhas angústias, dores e frustrações.

Começo a escrever

Com a mesma necessidade que tenho de respirar.

As palavras saem apressadas

E começam a preencher o vazio

Como se, ao cobrir a página,

Pudesse também preencher esse imenso vazio que toma conta de mim.

Em algum lugar do tempo me perdi,

Não consigo encontrar o caminho que antes parecia tão fácil e seguro.

Minha visão não enxerga ou alcança a luz

Luz que poderia iluminar a minha alma.

Seguir adiante é a melhor solução?

Seguir é preciso,

Cruzar essa estrada que se põe a minha frente.

Na bifurcação do destino me sinto criança perdida e desamparada,

Não há uma mão pra me guiar,

Preciso seguir sozinha

E aquela luz que tanto busco parece tão distante que não a vejo.

Quero chorar, lavar toda a tristeza que me consome.

Inundar esse corpo que, fragilizado e alquebrado,

Arrasta-se ao lamento e ao desânimo.

Mas as lágrimas parecem também ter me abandonado.

Os olhos secos e o espírito encharcado,

Não há vestígios de uma só gota de lágrima

E me sinto abandonada até mesmo por ela.

Lá longe tudo parece tão mais fácil,

Mas meus pés teimam em ficar fincados como raiz.

Esse passo se manifesta em minha mente,

Mas o corpo não reage, as pernas tornam-se pesadas

O chão duro como pedra,

É um vilão ardiloso que ri do meu esforço

E nada faz para aliviar meu sofrimento,

Tudo a minha volta parece dar gargalhada de escárnio,

Nem mesmo o céu que parecia tão azul em alguns minutos atrás,

Agora é negro como a escuridão.

Tudo isso é fruto da minha imaginação,

Eu posso ir além, basta dar o primeiro passo,

Basta ter a coragem de seguir em frente,

Basta acreditar que tudo vai dar certo.

Mas, a interrogação parece ser muito mais decidida que eu.

Minhas mãos estão geladas,

Meu corpo transpira um suor frio.

Por que é tão difícil,

Por que não posso simplesmente virar a página e começar de novo,

Por que tenho que dar tantas explicações as minhas inúmeras interrogações.

E os porques vão construindo uma enorme teia a minha volta

Talvez quando o casulo se romper eu renasça

Talvez...



Jacqueline Batista

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