Uma folha em branco.
Vazia e estupidamente branca.
Olho pra ela e não vejo nada,
Ao mesmo tempo parece passar por ela
Todas as minhas angústias, dores e frustrações.
Começo a escrever
Com a mesma necessidade que tenho de respirar.
As palavras saem apressadas
E começam a preencher o vazio
Como se, ao cobrir a página,
Pudesse também preencher esse imenso vazio que toma conta de mim.
Em algum lugar do tempo me perdi,
Não consigo encontrar o caminho que antes parecia tão fácil e seguro.
Minha visão não enxerga ou alcança a luz
Luz que poderia iluminar a minha alma.
Seguir adiante é a melhor solução?
Seguir é preciso,
Cruzar essa estrada que se põe a minha frente.
Na bifurcação do destino me sinto criança perdida e desamparada,
Não há uma mão pra me guiar,
Preciso seguir sozinha
E aquela luz que tanto busco parece tão distante que não a vejo.
Quero chorar, lavar toda a tristeza que me consome.
Inundar esse corpo que, fragilizado e alquebrado,
Arrasta-se ao lamento e ao desânimo.
Mas as lágrimas parecem também ter me abandonado.
Os olhos secos e o espírito encharcado,
Não há vestígios de uma só gota de lágrima
E me sinto abandonada até mesmo por ela.
Lá longe tudo parece tão mais fácil,
Mas meus pés teimam em ficar fincados como raiz.
Esse passo se manifesta em minha mente,
Mas o corpo não reage, as pernas tornam-se pesadas
O chão duro como pedra,
É um vilão ardiloso que ri do meu esforço
E nada faz para aliviar meu sofrimento,
Tudo a minha volta parece dar gargalhada de escárnio,
Nem mesmo o céu que parecia tão azul em alguns minutos atrás,
Agora é negro como a escuridão.
Tudo isso é fruto da minha imaginação,
Eu posso ir além, basta dar o primeiro passo,
Basta ter a coragem de seguir em frente,
Basta acreditar que tudo vai dar certo.
Mas, a interrogação parece ser muito mais decidida que eu.
Minhas mãos estão geladas,
Meu corpo transpira um suor frio.
Por que é tão difícil,
Por que não posso simplesmente virar a página e começar de novo,
Por que tenho que dar tantas explicações as minhas inúmeras interrogações.
E os porques vão construindo uma enorme teia a minha volta
Talvez quando o casulo se romper eu renasça
Talvez...
Jacqueline Batista
Todos os poemas e crônicas apresentados nesse blog, salvo algumas excessões, são de autoria de JACQUELINE BATISTA. Os que não pertencem a essa autora recebem seus devidos créditos... LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998.
domingo, 2 de janeiro de 2011
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