quarta-feira, 30 de março de 2011

"...Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida. Poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.
Às vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente. É o livre-arbítrio. Por isso, preste atenção nos sinais. Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o AMOR !!!" Lendo esse trecho do poema AMOR de Carlos Drummond de Andrade lembrei-me de um casal que amo muito e que ao vê-los juntos, sinto que nunca viverei um grande amor. Ontem mesmo estava com eles, ele na casa dos seus sessenta e poucos anos e ela também. Ele a gentileza, a delicadeza, o sorriso constante num rosto marcado pelo sofrimento que os acometeu nos últimos anos devido a doença dela, Alzheimer. Os dois me fazem lembrar do filme "Diário de uma paixão". O mesmo amor, histórias diferentes.
Como dizia, ontem estava com eles, adoro receber o beijo e o abraço dela, sempre carinhoso, mesmo quando não consegue me reconhecer em algum momento. Ele sempre curioso, querendo saber como vão as coisas, se está tudo bem. Em dado momento, eu fiquei observando os dois, ela tentando beber um chá e o olhar que ele a lançou foi de profundo amor. Havia sorriso naquele olhar, brilho, satisfação, companheirismo, gratidão.  Ele olhava para ela como se a visse pela primeira vez. É essa a sensação que  tenho quando os vejo. Parece que estão sempre se encontrando.
Sabemos que daqui a pouco ela não o reconhecerá mais, a doença avança rápido e ela partirá. Acho que aquele olhar também representava essa saudade que vai ficar quando ela partir.
Quando os deixei, senti um profundo vazio na minha alma, percebi que nada é mais importante na vida que a certeza de estar com quem você ama e que foi, é e sempre será seu eterno companheiro.

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