segunda-feira, 25 de abril de 2011

      Como é bom observar as pessoas em época de novas tecnologias e redes sociais. Hoje, durante o almoço, fiquei observando as pessoas que chegavam para almoçar, acompanhadas, sozinhas, com colegas de trabalho, em família, com o namorado, enfim, pessoas que deveriam saborear esse momento, mesmo que em pouco tempo, com conversas agradáveis aliadas a uma boa refeição. A falta de tempo já não nos permite mais ir pra casa e fazer uma refeição tranquíla e, as vezes, a distância também nos atrapalha um pouco.
      O que observei foi a extensão do escritório, pessoas tão obcecadas com o trabalho que junto com o prato de comida estava o netbook, dois ou três celulares do lado ocupando o espaço dos talheres. Se a comida tem algum sabor, provavelmente nem saberiam dizer.
     Em uma mesa havia um casal, ele falava ao celular e tentava conciliar essa conversa com uma garfada de comida, ela apenas comia, sem expressão nenhuma no rosto. O almoço durou o tempo do bate papo ao celular. Levantaram e partiram. Em outra mesa, a sobremesa deu lugar a um agoniado bate papo via sms, quatro pessoas à mesa e nenhuma delas conversando entre si, todas atentas aos seus respectivos celulares. A música ambiente era atrapalhada ora pelo som do celular que tocava ou por alguém que, descuidadamente ia aumentando o tom de voz enquanto conversava com alguém, via celular.
      Esses aparelhos mínusculos e cada vez mais sofisticados tomaram o lugar dos bate papos, hoje você nem olha mais para o lado de tão obcecado que está por aquela mensagem que não chega ou por aquela ligação que está demorando demais. O olho no olho ficou demodê, saiu de cena para a chegada ou checada dos emails "importantes" que não podem esperar o fim do almoço. Trocar ideias, contar uma piada ou simplesmente prestar atenção no que o outro está falando está fora de moda.
      Em tempos modernos você não escuta apenas ouve, quando o celular permite é claro. Encerrei meu almoço na companhia de alguns amigos que, de tão preocupados que estavam com os seus celulares, me permitiram fazer essas observações, lamentáveis, e ao mesmo tempo um alerta para que eu não me torne uma escrava desses aparelhinhos maravilhosos e tão importantes e desejados. Eu também aguardo com ansiedade minhas mensagens, a ligação que há tanto desejo, mas somente depois de minhas refeições. Meu aparelho fica bem quietinho dentro da bolsa e som baixo para não atrapalhar meu momento.
     Adoro esse mundo moderno que me permite tantas facilidades, mas também adoro a conversa olho no olho, o sorriso, a fofoca (sem maldade), a piada, a descontração do momento junto a um belo pedaço de pudim. Espero, que nesse planeta gigantesco, existam muito mais pessoas que pensem assim como eu. Um ótimo almoço a todos, sem celular, por favor!

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