quarta-feira, 27 de abril de 2011

Um pouco de amor e poesia nessa tarde...

Abelardo e Heloisa


"Fujo para longe de ti,
evitando-te como a um inimigo,
mas incessantemente
te procuro em meu pensamento.
Trago tua imagem em minha memória
e assim me traio e contradigo,
eu te odeio, eu te amo."
(Carta de Abelardo a Heloísa.)

"É certo que quanto maior é a
causa da dor, maior se faz
a necessidade de para ela
encontrar consolo, e este
ninguém pode me dar, além de ti.
Tu és a causa de minha pena,
e só tu podes me proporcionar conforto.
Só tu tens o poder de me entristecer,
de me fazer feliz ou trazer consolo."
(Carta de Heloísa a Abelardo)

Conhecidos como os amantes imortais, ambos viveram em Paris no século XII. O romance entre Heloísa e o filósofo Pedro Abelardo iniciou-se em Paris, no período entre o final da Idade Média e o início da Renascença.
Abelardo havia sido transferido recentemente e nomeado professor pela Escola Catedral de Notre Dame, tornando-se, em pouco tempo, muito conhecido por admirar os filósofos não-cristãos, numa época de forte poder da Igreja Católica.
Heloísa, que já ouvira falar sobre Abelardo e se interessava por suas teorias polêmicas, tentou aproximar-se dele através de seus professores, mas suas tentativas foram em vão. Até que o encontro acontece e os dois se apaixonam.
Em uma das inúmeras cartas trocadas entre os dois amantes encontra-se esse trecho que Heloisa escreve a Abelardo:
"Os prazeres amorosos que juntos experimentamos têm para mim tanta doçura que não consigo detestá-los, nem mesmo expulsá-los de minha memória. Para onde quer que eu me volte, eles se apresentam em meus olhos e despertam meus desejos. Sua ilusão não poupa meu sono. Até durante as solenidades da missa, em que a prece deveria ser mais pura ainda, imagens obscenas assaltam minha pobre alma e a ocupam bem mais do que o ofício. Longe de gemer as faltas que cometi, penso suspirando naquelas que não pude cometer". 
(Livro: "Correspondência de Abelardo e Heloisa" Editora Martins Fontes.)

Após os infortúnios que os acometeram, passaram a viver próximos um do outro, mas nunca mais se falaram,a não ser pelas cartas.
Para os mais eufóricos com o cinema, há uma adaptação de 1988 deste caso de amor para as telas, o filme Stealing Heaven (traduzido no Brasil como Em nome de Deus), que, além das cores reluzentes, não guarda a mágica das palavras, ainda que conte quase a mesma história... É um bom filme, a fotografia e a trilha são lindas.

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E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...