quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Interagindo com a obra Linhas de Fuga
 do artista Emilliano Freitas


Sou o que em mim se faz
Levei tempo demais para essa construção
Ocupar o espaço que me cabe
Já sofri e sofro tanta dor
Que não admito mais
Ver-me trancada em caixas
Pensando se isso é certo
Se aquilo é errado
Evitar dizer o que tenho vontade
Pelo medo do que pensarão do lado de lá
Do lado de cá pouco importa
Se o tempo é pouco demais
Quero aproveitá-lo o máximo que puder
Esse reflexo se faz presente a cada segundo
É o aqui que me dá esse lugar
Memórias têm o seu espaço
Nessas caixas empoeiradas de tempo
                                    [E lá devem ficar]
Futuro só depende das sementes
Que nesse instante eu semear
Amo, um amor que não corresponde
E ainda assim amo
Pelo prazer de sentir
De ver meu corpo pulsar
De gozar esse amor
Pelo simples ato de pensar
Não me iludo com fantasias mudas
Opacas e muito mal desenhadas
Brilho com as fantasias animadas
Que me dão fogo, tesão e desejo
Saber-se quem é demanda tempo
Mas é libertador, ainda que não sufoque a dor
Ontem falei de tesão, exalei desejos da carne
Hoje lambuzo me de amor
Não me enquadro em regras
Isso me impede ser fiel
Pois que só paixão pede fidelidade, apego
                                                       [Caixas...]
Sou um mísero grão ocupando
Lugar temporário
Não me confundas com a insana fria egoísta
Que ainda um pouco narcisista
Parece de todos querer se afastar
Às vezes figura etérea
Obrigada a habitar essa matéria
Mas não mais agrilhoada
Minh'alma é livre
Meu corpo é livre
E o amor que dou é livre
Como livre é o ato de ser
Inquieta por pura necessidade
Incapaz de viver sem liberdade












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