quinta-feira, 7 de julho de 2011

Fiz uma faxina
Joguei tantas coisas fora
Havia exames de séculos
Documentos sem necessidade de guardar
Restos de qualquer coisa
Abri as gavetas e as portas do armário
Roupas que nunca mais vesti estavam ali
Sapatos dentro de caixas que nunca foram abertas
Livrei-me de tudo
Nas gavetas do criado mudo
Estavam tíquetes de viagens do passado
Na esperança de outras viagens iguais
Livrei-me deles também
Passei horas me desfazendo de histórias
Libertando-me de amarras
Removi a poeira do tempo
Retirei as teias que bloqueavam meu caminho
Ao final desse dia
Descobri que a faxina não era apenas material
Mas continha pedaços do meu emocional
Juntei em sacos um punhado de história
A história de uma vida contraditória,
Às vezes até ilusória, mas uma vida
Na limpeza, limpei também minha alma
Abri outros espaços que serão completados
Com outros momentos, com novas histórias
Algumas lágrimas vi cair nesse rosto marcado
Mas essas mesmas lágrimas deixam-me
Com a certeza de que amanhã
Quando o sol despertar
Despertarei com ele para essa nova fase
Para esse novo momento
Onde novos capítulos poderão ser escritos
E com certeza outras faxinas serão necessárias
Pois como ser humano que sou
Sei que juntarei muito mais coisas
E em outro momento
Outro capítulo será escrito.

Nenhum comentário:

E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...