sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O corpo é uma dor só
Todos os músculos enrijecidos
Chego a agradecer por essa dor
No aparelho de som uma música, 
Não entendo a letra e nem quero
O volume está tão alto é quase ensurdecedor
Mas não me importo, o barulho
Impede o volume dos meus pensamentos
A dor física é como um analgésico
Desejo que ela se intensifique
Quero me encolher em um canto
Abraçada aos joelhos reduzir-me
A um grão de pó abrigado
De olhares  questionadores
Mexo um pouco os braços
E tenho espasmos e arrepios
Fui lançada ao abismo
E nem me dei conta da altura
Queria apenas planar e sentir
O vento e o cheiro do ar
Queria ficar ali imóvel para sempre
O som agora é mais intenso
As notas martelam sucessivamente
E sinto farpas a perfurar minha pele
Desejo a dor como desejo o ar
Levanto-me, movo-me
Estremeço e giro
A voz não sai, mas escuto meu grito
De repente o silêncio
O cansaço, a tristeza
As lágrimas, escondidas atrás do sofá,
Aproximam-se e tentam me embalar
Balanço de um lado para outro
Acompanho as batidas finais da canção
Sinto desfazer-se em pedaços
Meu pobre coração
O chão está frio, mas não ligo
E ali me deixo consumir
Já não existe mais som
Já não existe mais dor
Já não existo
Já... Não...
Não...






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