segunda-feira, 20 de agosto de 2012




Entardecer em Ouro Preto
As badaladas avisam que o sol está quase a se por
As montanhas ao redor parecem abraçar
Esse aglomerado de construções antigas 
E tão cheias de memórias
O silêncio pede lugar 
E o vento que toca minha pele
Parece um amante desejando beijar minha face
O azul já se despede
O laranja e o rosa começam a dar suas pinceladas
Como em uma pintura
Vejo uma tela se formar
Culturas diversas compartilhando o mesmo espaço
Em uma única língua
A língua da poesia
Aguço os ouvidos e pareço ouvir
Trazida pelo vento
A lira de Dirceu à sua amada Marília

"Espera, que eu vou.
Minha alma, que tinha
Liberta a vontade,
Agora já sente
Amor, e saudade,
Os sítios formosos me agradaram,
Ah! Não se mudaram;
Mudaram-se os olhos,
De triste que estou.
São estes os sítios?
São estes; mas eu
O mesmo não sou.
Marília, tu chamas?
Espera, que eu vou."

E como o sol, também me despeço do dia
Desapareço no tempo
Volitando pelo espaço
Pego carona no vento.

                                                                                                      Jacqueline Batista

"trecho de "Marília de Dirceu" de Tomás Antônio Gonzaga


2 comentários:

ariana. disse...

Jackie, que coisa mais linda!!!

Da alma para a escrita disse...

Lindo é esse lugar... Cada vez que vou a Ouro Preto é como se fosse a primeira vez...

E aí vem você, todo dengoso e cheiroso Roça meu pescoço, você é habilidoso Sabe sussurrar em meus ouvidos Palavras que fazem meus pêlos e...